Folha de S. Paulo


Presidente do TST critica oposição do MPT à reforma trabalhista

Andressa Anholete/AFP
Brazil's Sumpreme Labour Court President (TST) Ives Gandra Martin is pictured during the inauguration ceremony of the ministers of Justice and Public Security, Alexandre de Moraes, of Human Rights, Luislinda Valois and the presidency's Secretary General Wellington Moreira Franco at Planalto Palace in Brasília, on February 3, 2017. / AFP PHOTO / ANDRESSA ANHOLETE
O presidente do TST, ministro Ives Gandra Martins Filho, em posse de ministros no Planalto

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra da Silva Martins Filho, afirmou que não cabe ao Ministério Público do Trabalho (MPT) criticar a reforma trabalhista em tramitação no Congresso.

"O Ministério Público não tem que sair por aí defendendo a não mudança da lei, mas aplicar a lei como ela está colocada", disse o presidente do TST durante evento promovido na Fecomercio-SP para discussão da legislação trabalhista na visão empresarial, coordenado por seu pai, o jurista Ives Gandra Martins, e Ney Prado, presidente da Aide (Academia Internacional de Direito e Economia).

"O Ministério Público não defende trabalhador, mas a ordem jurídica. Quem defende trabalhador é sindicato", afirmou.

Membros da entidade e da Justiça do Trabalho têm se posicionado publicamente contra o projeto, afirmando que ele reduz a proteção ao trabalhador.

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O ministro, por sua vez, defendeu a reforma, que classifica como uma modernização da legislação trabalhista —segundo ele, defasada.

"A reforma tampa lacunas, traz segurança jurídica e mais equilíbrio nas relações de trabalho", disse.

O eixo central do projeto de lei é a prevalência das negociações entre empregado e empresa sobre a CLT. Atualmente, a Justiça do Trabalho anula esses acordos quando entende que eles violam a legislação.

"Fazer isso é desrespeitar a vontade democrática do empresariado e dos trabalhadores", afirmou.

A prevalência do negociado sobre o legislado e mudanças no processo judicial, como a previsão de multa para quem entrar com ação por má-fé, devem reduzir o número de reclamações nos tribunais, afirmou o presidente do TST.

Segundo ele, as ações na Justiça do Trabalho giram em torno de 3 milhões ao ano.

Para o ministro, as relações de trabalho devem ser de colaboração entre trabalhadores e empresa —modelo para o qual a reforma contribui— e não de conflito ou "luta de classes", disse.

IGNORÂNCIA

Para o especialista em direito trabalhista José Pastore, que também participou do evento, a oposição ao projeto de lei é fruto de ignorância. "A ignorância é a maior inimiga da reforma", disse.

Segundo ele, a opinião pública "vem recebendo um tiroteio dizendo que a reforma vai revogar tudo", quando a reforma traria um avanço ao abrir espaço para as partes negociarem ao mesmo tempo em que mantém proteções ao trabalhador, como o veto à negociação de direitos como o 13 salário e o descanso semanal remunerado.

O principal impacto da reforma no curto prazo deve ser a redução de processos na Justiça, segundo Pastore. "Para as empresas, isso é redução do custo Brasil na veia", afirmou.

No médio prazo, o mercado de trabalho deve começar a adotar as novas formas de contratação introduzidas pela reforma, como o trabalho intermitente.

No longo prazo, esse processo vai levar a um aumento da formalização do mercado de trabalho e "a redução do medo de empregar".


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