Folha de S. Paulo


Vendas no varejo do Brasil despencam e têm pior resultado em 14 anos

Rivaldo Gomes/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 21-3-2017 - CARNES EM MERCADOS - 12:26:08 - Supermercado Ruby, antigo Classe A, na zona leste. O Acougueiro sem luvas, alta concentracao de moscas, moedor de carne sujo, sem termometro aparente. (Foto: Rivaldo Gomes/Folhapress, NAS RUAS) ***EXCLUSIVO AGORA *** EMBARGADA PARA VEICULOS ONLINE *** UOL E FOLHA.COM CONSULTAR FOTOGRAFIA DO AGORA *** FOLHAPRESS CONSULTAR FOTOGRAFIA AGORA *** FONES 3224 2169 * 3224 3342 ***
Supermercado Ruby, antigo Classe A, na zona leste de São Paulo

A maioria dos economistas esperava um quadro ainda difícil para o varejo em março, mas não na intensidade verificada no mês retrasado.

Em março, as vendas no varejo recuaram 1,9% na comparação com fevereiro, a maior queda em 14 anos.

A perda em relação ao mesmo período do ano passado foi de 4%, chegando à 24ª taxa negativa consecutiva nessa base de comparação.

Mesmo em um cenário potencialmente mais favorável, de inflação em queda e juros mais baixos, a avaliação de economistas é que, com o desemprego em alta e o mercado de crédito ainda na lona, o varejo deve seguir sem reação expressiva.

Volume de vendas do varejo - Em %

Variação da receita nominal do varejo - Em %

PARA PIOR

Na comparação anual, porém, a percepção é que a revisão da metodologia da pesquisa feita pelo IBGE no início do ano acabou piorando algo que já não vinha bem.

No início do ano, o instituto recalculou os pesos dos setores que compõem a pesquisa mensal do comércio, o que fez com os números de janeiro e fevereiro fossem revisados, mas não toda a série.

"Mudaram a coleta de janeiro e fevereiro, mas não o passado e isso pode ter comprometido parte da qualidade da pesquisa, especialmente a comparação com o mesmo período do ano passado", diz Luis Afonso Lima, economista da Mapfre Investimentos.

Lima esperava queda de 3% em março sobre igual mês do ano passado —melhor do que a baixa de 4% divulgada.

Na avaliação de Lima, a tendência para o varejo permanece negativa, principalmente em razão do mercado de trabalho, com mais de 14 milhões de desempregados e do que chama de "empregado com cabeça de desempregado" —o indivíduo que não compra nada porque vê muita gente ao seu redor sem emprego".

Para o economista Alejandro Padrón, da 4E Consultoria, a questão metodológica pode ter feito a pesquisa se descolar da realidade.

O que mais chamou a atenção, diz o analista, foi a queda de quase 6% em março sobre fevereiro em supermercados, setor que responde por praticamente um terço da pesquisa e que puxou os números ruins. "Os indicadores das associações do setor apontam queda menor para o mesmo período".


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