Folha de S. Paulo


Governo fará propaganda de nova Previdência até para deputado

Terminada a votação da reforma da Previdência na comissão especial que discute o assunto na Câmara —o que está previsto para acontecer nesta terça-feira (9)—, o governo dará início a uma ofensiva midiática tanto para o público externo como para o interno.

O esforço para garantir ao menos os 308 votos necessários para aprovar as alterações na Previdência em plenário se dará em rádios e TVs, mas também no WhatsApp.

Além das peças publicitárias que o governo começará a veicular em rádios de todo o Brasil nesta quinta-feira (11), o presidente Michel Temer vai intensificar sua agenda de entrevistas a programas de televisão e rádios regionais.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA
As mudanças propostas na aposentadoria

Na quinta, conversará com o apresentador José Luiz Datena, da Bandeirantes. Na próxima semana, a ideia é conceder entrevistas à TV Globo e ao canal de notícias por assinatura Globo News, mas ainda não há nada confirmado.

Também serão distribuídos por aplicativo de bate-papo vídeos voltados para os deputados. Em algumas peças os próprios parlamentares que estão na linha de frente da reforma aparecem defendendo as mudanças na Previdência.

Deputados que apoiam a reforma previdenciária têm sido alvo de protestos. O presidente da comissão especial, Carlos Marun (PMDB-MS), foi hostilizado nesta segunda-feira (8) em um evento na Câmara Municipal de Campo Grande (MS).

Além de vaias, o deputado ouviu da plateia gritos de "fora, Marun!".

"Se eu tivesse medo de vaia, eu tinha procurado outra coisa pra fazer. Parlamentar que tem medo de vaia está no lugar errado", retrucou Marun em entrevista.

Na manhã desta terça-feira, o colegiado se reúne para finalizar a votação dos dez destaques que restaram. A expectativa é que nenhuma alteração seja acolhida.

O texto do relator, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), foi aprovado na quarta-feira passada (3) por 23 votos a favor e 14 contra.

A votação dos destaques só não foi concluída naquele dia porque agentes penitenciários invadiram a reunião em protesto contra a retirada de uma emenda que equipararia as regras de aposentadoria da categoria àquelas definidas para policiais federais.

Antes da invasão, deputados da base governista haviam se comprometido a apresentar este destaque em plenário. No entanto, já há quem defenda que, após os atos de vandalismo, o Parlamento não deve mais ceder, deixando os agentes penitenciários com as mesmas regras dos demais servidores públicos.

Ainda sem os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência no plenário da Câmara, o governo atuará em duas frentes diferentes.

Enquanto busca o apoio de que precisa para aprovar o texto, tentará acelerar a tramitação da reforma trabalhista no Senado, um esforço para dividir as cobranças das bases eleitorais entre as duas Casas.

O trabalho dos governistas é para aprovar a reforma trabalhista até o final deste mês no Senado, e a previdenciária, na Câmara, no início de junho.

No entanto, para acelerar a tramitação do texto no Senado, não basta apenas a boa vontade do presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE). É preciso contornar a rebeldia do líder do PMDB Renan Calheiros (AL), contrário às duas reformas.

Defensor dos projetos do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai procurar conversar com Renan ainda nesta semana.

Michel Temer recebe na manhã desta terça senadores do PMDB para uma conversa. A expectativa é que Renan não compareça ao encontro.


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