O plano do presidente americano Donald Trump de reduzir a carga de impostos de empresas para 15% seria benéfica para a lucratividade da Berkshire Hathaway Inc., administradora de investimentos de Warren Buffett, 86, mas não mudará fundamentalmente os negócios por ela operados, disse o bilionário.
"Nós temos entre US$ 90 bilhões e US$ 95 bilhões em ganhos, e nossos acionistas, dólar a dólar, vão participar nisso. Se as taxas caírem 10%, esses US$ 9,5 bilhões [que o corte representaria] é real", afirmou durante o encontro anual de acionistas da Berkshire, conhecido como "Woodstock do capitalismo".
Buffett, um democrata que apoiou publicamente a fracassada candidatura de Hillary Clinton à Casa Branca, acresceu que o impacto de impostos mais baixos para empresas não se traduzirá em lucros maiores para todas as dezenas de negócios que integram a Berkshire.
Negócios regulados de utilidade pública, como na área de energia, não devem aproveitar o corte de impostos para aumentar sua poupança, segundo o bilionário, porque a redução nos custos seria repassada aos consumidores via queda nos preços.
Ele também afirmou que muitos dos benefícios de impostos mais baixos para os acionistas seriam diluídos em razão da competição entre as empresas, porque elas teriam que repassar as reduções para o cliente final.
"Nós tivemos muitos cortes de impostos nas nossas vidas. É claro para mim que parte [do efeito sobre os lucros] de tributos mais baixos para empresas seria eliminado pela competição, e é óbvio que parte disso seria acomodada para beneficiar os acionistas", disse.
Em fevereiro, o analista da Barclays Jay Gelb disse que se os impostos para empresas fossem reduzidos para 20%, o valor da Berkshire aumentaria em US$ 27 bilhões como resultado de uma redução na carga de tributos.
Uma redução para 15% poderia fazer o valor da administradora subir para US$ 36 bilhões, disse o analista,
"Eu não me lembro de ter enviado nada para nossos diretores dizendo 'Vamos fazer isso porque a legislação vai mudar'", disse Buffett.