Folha de S. Paulo


Na crise, empresas recorrem a agência do governo de São Paulo

A crise econômica levou a uma disparada nos empréstimos feitos pela Desenvolve SP, agência de desenvolvimento do Estado de São Paulo, com objetivo de manter a sobrevivência de empresas.

Os financiamentos das linhas de capital de giro oferecidos pela agência, usado para atividades como compra de mercadorias e pagamentos de salários, tiveram um salto de 187% no primeiro trimestre do ano, enquanto os desembolsos para investimentos subiram 11%.

Com o avanço dos empréstimos para capital de giro, essa modalidade passou a representar 47% dos desembolsos da Desenvolve SP. Em 2016, ela eram responsável por 26% do total.

Os juros da Desenvolve SP são subsidiados. Enquanto a média do mercado para recursos livres é de 27,5% ao ano, de acordo com o Banco Central, a agência paulista cobra em média 15% ao ano.

O presidente da Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, afirma que o crescimento do capital de giro é resultado de estratégia da agência de aumentar o esforço para conceder crédito nessa modalidade, que não é sua principal vocação, como forma de atenuar efeitos da crise.

Na avaliação de Guilherme Fowler, professor de economia do Insper, a principal função de uma agência de desenvolvimento deve ser oferecer crédito de longo prazo para aumentar a produtividade das empresas.

Por outro lado, o direcionamento de recursos para capital de giro pode ser uma opção válida para comba- ter efeitos da crise, como fechamento de empresas e aumento do desemprego, afirma Fowler.

Porém subsidiar o capital de giro traz o risco de prolongar artificialmente a vida de empresas pouco produtivas e torná-las dependentes do juros menor do que o do mercado para se manter em atividade, avalia o professor.

CRESCIMENTO

Os empréstimos da Desenvolve SP cresceram 58% no primeiro trimestre de 2017, interrompendo trajetória de queda de três anos.

Entre janeiro e março, foram emprestados R$ 78,2 milhões, enquanto no mesmo período de 2016 haviam sido R$ 49,5 milhões.

Mesmo assim, eles estão em nível 32% inferior ao de 2014, quando foram emprestados R$ 114,8 milhões no primeiro trimestre.

A maior parte dos recursos para companhias foi destinada a médias empresas (com faturamento entre R$ 3,6 milhões e R$ 90 milhões), que receberam 73% do montante (R$ 57 milhões). A seguir vieram pequenas (24%, ou R$ 18,7 milhões). Grandes empresas obtiveram R$ 2,5 milhões, 3% do total.

Outros R$ 7,6 milhões financiaram prefeituras.

Grosso modo, a agência atende a cerca de 4% das solicitações de empréstimo.

A Desenvolve SP foi criada em 2009, com o nome Nossa Caixa Desenvolvimento, e recebeu um investimento de R$ 1 bilhão do Tesouro paulista para fazer empréstimos.

A agência também repassa recursos do BNDES e da Finep Financiadora de Estudos e Projetos. Em 2012, recebeu o nome atual.


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