Folha de S. Paulo


Manifestantes protestam no Dia do Trabalho no Rio

Após sexta-feira (28) de protestos violentos no Rio, manifestantes de sindicatos voltaram a se reunir na praça da Cinelândia, centro da cidade, na manhã desta segunda (1º).

O protesto no dia do Trabalho é uma tradição em cidades pelo mundo.

Neste ano, os manifestantes protestam contra as reformas do governo Michel Temer e a repressão policial ocorrida na última sexta.

Sindicalistas, servidores públicos e estudantes foram duramente reprimidos ao longo da sexta, marcado por bloqueios em diversos pontos da cidade. No fim da tarde, um ato em frente à Assembleia Legislativa do Rio foi reprimido com bombas de gás e de efeito moral. O conflito com grupos mais radicalizados, que respondiam com pedras fogos de artifícios e coquetel molotovs, escalou ao longo da noite.

Um comício marcado para as 17h daquele mesmo dia foi encerrado a bombas pela polícia. Em outro ponto do centro, no bairro boêmio da Lapa, ao menos nove ônibus foram incendiados.

O dia de marcha resultou em sete pessoas feridas, duas das quais permaneciam internadas até sábado.

Nesta segunda, sindicalistas voltaram as ruas. O local onde na sexta havia um palco e para onde foram atiradas bombas, nesta segunda manifestantes dançam forró e agitam bandeiras de centrais sindicais, partidos de esquerda e do movimento estudantil

Um carro de som toca música ao vivo e manifestantes gritam "Fora Temer".

A praça estava cheia, com pessoas ocupando as escadarias da Câmara dos Vereadores, do Teatro Municipal, a calçada da praça e os restaurantes no entorno. Organizadores ainda não estimaram público. A PM não faz estimativa de público no Rio.

O clima era tranquilo até por volta das 12h40, quando um militante em favor da volta da Monarquia bateu boca com manifestantes. O homem, que carregava uma bandeira brasileira do período colonial, foi retirado da manifestação com socos e empurrões.

Um grupo conseguiu conter os demais manifestantes para não darem seguimento as hostilidades.

A confusão não chegou a sair do controle e o protesto seguiu no centro.

A manifestação seguia ao longo da tarde. Políticos se revezaram em discursos.

Entre os presentes estava o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Segundo ele, as manifestações de oposição ao governo federal tendem a crescer a despeito da violência policial.

De acordo com ele a popularidade cada vez menor do presidente Michel Temer é a janela de oportunidade para que grupos pressionem para antecipação das eleições no país.

"Em quinze dias um grupo de parlamentares apresentará uma proposta de antecipação do pleito. Já está claro para a população que o presidente suas reformas não têm condição de tirar o país da crise", disse.

O deputado estadual Flávio Serafini (Psol) disse acreditar que a violência policial vista na sexta foi proposital para retirar as pessoas das ruas e evitar o crescimento das manifestações.

Serafini discursava sobre o palco montado na Cinelândia, quanto o comício, pacífico até ali, foi reprimido com bombas.

O vídeo em que ele aparece discursando enquanto bombas eram atiradas em direção ao palco se tornou viral nas redes sociais e foi uma dos principais registros da ação violenta da PM no dia. O vídeo mostra manifestantes cantando o hino nacional no momento em que bombas foram lançadas

"Há um esforço em generalizar e criminalizar o protesto. O que vimos na sexta foi a PM impedindo o direito da livre manifestação. Vimos reações desproporcionais no governo e na mídia em relação a protestos justis de uma demanda da sociedade", afirmou.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e o deputado Marcelo Freixo (PSOL) tamvém participaram do protesto desta segunda.

A atriz Nathalia Dill, da Rede Globo, participou do ato desta segunda por ser contra as reformas da Previdência e do trabalho e contra a repressão policial.

Segundo ela, a população está confusa em relação às reformas justamente porque os políticos agem de forma a não permitirem um entendimento maior sobre o assunto.

"Falta às pessoas a consciência do que está ocorrendo. Ninguém tem dúvida de que reformas são necessárias, mas o debate não está colocado. Da forma como foi concebida, essa reforma prejudicará o trabalhador", disse ela.


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