Folha de S. Paulo


Policial, professor e trabalhador rural devem ter idade mínima de 60 anos

A idade mínima de 65 anos proposta na reforma da Previdência do presidente Michel Temer deve ser reduzida para 60 anos para policiais, professores e aposentados rurais. Também deve ser proposta uma nova regra para o valor do benefício assistencial pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

As novidades vão integrar a série de mudanças que o relator da proposta, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), incluirá no parecer que pretender apresentar à comissão especial na próxima semana.

Para o benefício assistencial, o governo e o relator já fizeram acordo de que não haverá desvinculação —como previa a proposta original— do valor do salário mínimo para as pessoas com deficiência.

Reforma da Previdência
As mudanças propostas na aposentadoria

No caso dos idosos, que hoje precisam ter 65 anos para receber o benefício, a ideia em estudo é permitir que o benefício seja solicitado antes dos 70 anos —idade mínima proposta pelo Executivo. Neste modelo, contudo, o valor do benefício em relação ao salário mínimo subiria de forma proporcional até alcançar 100% aos 70 anos, segundo a reportagem apurou.

TRANSIÇÃO

A Folha mostrou que pode haver uma redução de 50% para 30% do pedágio a ser cobrado sobre o tempo restante para a aposentadoria na regra de transição da reforma previdenciária.

O novo percentual foi citado pelo relator em reunião no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (10), segundo integrantes do encontro. Para a aposentadoria por tempo de contribuição, a ideia é estabelecer uma idade mínima progressiva para a transição, que subirá até chegar aos 65 anos.

Por isso, a redução do percentual é benéfica para aqueles que estavam fora da transição na proposta original, mas pode dificultar o acesso à aposentadoria para aqueles que estão mais próximos dela. Também por essa razão o governo entende que os efeitos fiscais podem ser maiores no curto prazo, ao atrasar a aposentadoria daqueles que estavam mais próximos, mas que são mais jovens.

Até a semana passada, a ideia era implementar uma idade mínima progressiva, como 55 anos para mulheres e 57 para homens, de forma que aumente até chegar aos 65 anos.

Durante a reunião desta segunda, foi levantada a possibilidade de partir de idades mínimas mais diferentes para homens e mulheres, com uma distância de 5 anos (52 e 57 anos ou 53 e 58 anos). Esse ponto, contudo, não ficou fechado.

Outro dispositivo que ficou a ser definido foi a velocidade da progressão da idade mínima na transição. Uma das opções é aumentar a idade em um ano a cada dois anos, mas ainda precisa ser definido se homens e mulheres chegarão aos 65 anos ao mesmo tempo ou não.

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ESPINHA DORSAL

O presidente Michel Temer voltou a dizer a parlamentares na manhã desta terça que o governo concorda em fazer uma reforma da Previdência que sirva para os próximos 20 anos apenas, mas que as mudanças no texto não podem "quebrar a espinha dorsal" da proposta, que seria o estabelecimento de uma idade mínima de 65 anos.

Em entrevista à Folha na semana passada, o presidente já havia dito que, mesmo com mudanças, o importante é realizar a reforma.

"Eu confesso que o projeto original que mandamos é uma reforma que visa 30, 40 anos. Se não pudermos fazer isso, vamos fazer por 20 anos", disse o presidente na abertura de mais um encontro com parlamentares da base e da comissão especial que analisa a reforma.

"Os senhores agora estão sendo atendidos pelo relator, que vai elaborar seu relatório sem quebrar a espinha dorsal, o esquema central da reforma, que seguirá sendo a questão da idade", acrescentou.

REGRA DE CÁLCULO

Outro tema que foi mencionado pelo relator na reunião, de acordo com autoridades presentes, foi a regra de cálculo.

Um ponto que incomoda os defensores da proposta é o discurso de que são necessários 49 anos para ter direito ao benefício integral.

Para tentar evitar essa crítica, uma proposta em estudo é mudar a regra de cálculo para 60% mais 1% por ano de contribuição, em vez de 51%.

O percentual, no entanto, incidiria sobre a média de todas as contribuições do trabalhador, em vez de ser calculado em cima das 80% maiores contribuições, como hoje.

Na prática, o cálculo sobre todas as contribuições reduz o valor do benefício final, já que considera também os menores salários, mas o aumento do percentual da regra de cálculo compensaria essa mudança e, segundo defensores da proposta, acabaria com o discurso de que é necessário trabalhar 49 anos para ter o benefício máximo.

Com Reuters


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