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Ministério quer encerrar investigação em frigoríficos em até três semanas

Pedro Ladeira/Folhapress
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visita fábrica da Seara em Lapa (PR), um dos alvos da Operação Carne Fraca
Ministro Blairo Maggi visita fábrica da Seara em Lapa (PR), alvo da Operação Carne Fraca

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirmou nesta terça-feira (21) que pretende encerrar em até três semanas as investigações nos 21 frigoríficos pegos pela operação Carne Fraca da Polícia Federal.

A prioridade é liberar as seis unidades (dentro do grupo de 21) que realizaram exportações nos últimos 60 dias.

O ministério informou ainda que há três unidades sob investigação que estão proibidas de vender inclusive para o mercado brasileiro. São duas da Peccin no Paraná e uma da BRF em Goiás.

OPERAÇÃO CARNE FRACA
PF deflagra ação em grandes frigoríficos

"Acreditamos que o auto-embargo será suficiente para resolver o problema", disse o ministro durante uma visita ao frigorífico da Seara na cidade de Lapa, no interior do Paraná.

Controlado pelo JBS, o frigorífico não teve desvios sanitários. O problema na unidade, segundo o ministro, foram os supostos casos de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e a empresa na expedição dos certificados de exportação.

A unidade de Lapa só processa frangos, produz anualmente cerca de 140 mil toneladas e exportou em 2016 cerca de 60 mil toneladas para a China.

A China é um dos maiores importadores de carne brasileira. No ano passado, o país respondeu por cerca de 12% das vendas externas nacionais, que totalizaram US$ 14 bilhões.

O secretário de Agropecuária do ministério, Luiz Rangel, afirmou que enviará ainda nesta terça os documentos e esclarecimentos solicitados pelas autoridades chinesas para que as mercadorias que hoje estão barradas nos portos daquele país sejam liberadas.

Segundo Rangel, o governo chinês quer saber quais são os lotes de produtos exportados para a China a que se referem os casos relatados pela PF.

Das 58 fábricas que exportam para a China, somente a de Lapa foi suspensa pelo governo. No entanto, a unidade continua liberada para as vendas locais.

"Não há risco sanitário", disse Blairo Maggi.

O ministro afirmou que o bloqueio dessas 21 unidades para exportações é uma forma de mostrar aos importadores que existe "cautela" e "responsabilidade".

"Para nós, não há diferença entre consumidores, brasileiros ou estrangeiros. Mas não precisamos suspender as vendas internas, porque não há problemas sanitários", disse Maggi.

O ministro reforçou que as medidas de auto-embargo são uma forma de evitar as suspensões automáticas dos importadores. O Chile, que tinha ameaçado suspender temporariamente suas importações de carne do Brasil, voltou atrás depois de um telefonema de Blairo Maggi para o ministro chileno da Agricultura, na manhã desta terça.

O Chile é um dos dez maiores compradores de carne brasileira. No ano passado, importou US$ 441 milhões.

Egito e Hong Kong pediram explicações ao governo brasileiro nesta terça. EUA, União Europeia e China devem ser os próximos a receberem os documentos com os esclarecimentos.

VISITA

A visita do ministro ao frigorífico de frangos da Seara com os secretários e fiscais do Ministério da Agricultura foi uma forma de mostrar que "não há risco de saúde e de qualidade da carne produzida naquela unidade".

A agência de notícias Xinhua esteve na comitiva de jornalistas que acompanhou o ministro.

Blairo Maggi fez questão de reforçar que na área de embutidos era impossível misturar papelão na carne processada para fazer linguiça.

A empresa está sob fiscalização, que deve ser concluída até o final desta semana. Representantes da Seara ficaram sabendo da visita do ministro na tarde de segunda.

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Investigações por frigorífico - Do que cada empresa é investigada na Operação Carne Fraca


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