Folha de S. Paulo


Frigoríficos afirmam cumprir normas e colaborar com investigações

Pedro Ladeira/Folhapress
Brasilia, DF,Brasil 17.03.2017 Agentes da PF cumprem mandado de busca e apreensao na sede do ministerio da agricultura, em Brasília, na operacao Carne Fraca. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress cod4847
Agentes da PF cumprem mandado de busca e apreensão na sede do Ministério da Agricultura

Empresas investigadas na operação "Carne Fraca", deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira (17), negam irregularidades.

O objetivo da operação é desarticular uma suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

A investigação revelou até mesmo o uso de carnes podres, maquiadas com ácido ascórbico, por alguns frigoríficos, e a re-embalagem de produtos vencidos.

OPERAÇÃO CARNE FRACA
PF deflagra ação em grandes frigoríficos

A JBS, por meio de sua assessoria, afirma em nota que a empresa "e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas".

"A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos -seja na produção e/ou comercialização- e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos", diz a nota.

A BRF diz, por meio de comunicado, que está colaborando com as autoridades. Ela afirma não compactuar com práticas ilícitas e que seus produtos e a comercialização deles seguem "rigorosos processos e controles"

"A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores", afirma a empresa.

Em nota, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirma que determinou o afastamento imediato de todos os envolvidos e a instauração de procedimentos administrativos. "Todo apoio será dado à PF nas apurações. Minha determinação é tolerância zero com atos irregulares no MAPA", diz.

Ele afirma que suspendeu uma licença de dez dias que tiraria da pasta diante da deflagração da operação e que, neste momento, "toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo". "Muitas ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta e novas medidas serão tomadas".

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que todos os produtos exportados pelo país são fiscalizados por técnicos nacionais e estrangeiros. "O Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade e status sanitário de seus produtos, que são auditados não apenas pelos órgãos brasileiros como também por técnicos sanitários dos mais de 160 países para os quais exporta", diz em nota.

A entidade ainda afirma que eventuais falhas são exceções. "São questões pontuais, que não refletem todo o trabalho desenvolvido pelas empresas brasileiras durante décadas de pesquisas e investimentos, para ofertar produtos de alta qualidade."

O grupo Argus também divulgou comunicado em que nega irregularidades, diz obedecer "rigorosamente" as observações sanitárias e de qualidade do Ministério da Agricultura e que se solidariza com a ação da PF, "entendendo que a mesma (operação) trará benefícios significativos ao setor, através de uma competitividade justa e adequada entre seus players".

O frigorífico Souza Ramos, do grupo Central de Carnes Paranaense Ltda, diz que "colaborou no que foi possível" e que vai continuar colaborando com a Polícia Federal. A empresa afirma seguir as exigências de qualidade.

Por meio de nota, o grupo disse ainda ser importante "que se desvincule a ideia de que todas as empresas investigadas pela polícia, de fato adulterem e/ou burlem a lei, e sim fazem parte da investigação pois necessitam dos serviços do MAPA".

A Princípio Alimentos Ltda disse que foi chamada pela Polícia Federal como testemunha e que não tinha mais anda a declarar. A Sub Royal Comercio De Alimentos também disse que não vai se manifestar.

A reportagem entrou em contato e aguarda resposta das empresas Medeiros, Emerick & Advogados Associados, o frigorífico Rainha da Paz, Unifrango Agroindustrial S/A, Frigomax - Frigorifico e Comercio de Carnes Ltda, Bio-Tee Sul Am. Industria De Produtos Químicos E Op. Ltda e Primor Beef Jjz Alimentos S.A.

Peccin, Dagranja Industrial, Sidnei Donizeti Bottazzari ME, Fortesolo Servicos Integrados Ltda, Fratelli E.H. Constantino, Pavin Fertil Industria e Transporte Ltda, Primocal ind. E com. De fertilizantes ltda, Frigorífico 3D e Frango a Gosto, Santa Ana Comercio De Alimentos LTDA, Dalchem Gestão Empresarial LTDA, Fênix Fertilizantes LTDA, Multicarnes Representacoes Comerciais Ltda, Doggato Clínica Veterinária LTDA, Mc Artacho Cia Ltda, Smartmeal Comercio de Alimentos LTDA e Unidos Comércio De Alimentos Ltda não foram localizados.

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Veja a íntegra do posicionamento das empresas.

JBS

A JBS S.A. comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos.

A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação. A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás.

Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.

A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.

A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos.

A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.

A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos - seja na produção e/ou comercialização - e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.

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BRF

A BRF informa que, em relação à operação da Polícia Federal realizada na manhã desta sexta-feira, está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua.

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Grupo Argus, do Frigorífico Argus LTDA

O Grupo Argus, detentor da marca Argus, empresa paranaense atuante ha 63 anos no mercado frigorífico, vem a público manifestar-se à respeito da recente operação liderada pela Superintendência da Polícia Federal do Paraná, denominada "CARNE FRACA", nas considerações a seguir:

a) Que o Grupo Argus obedece rigorosamente as observações sanitárias e de qualidade determinadas pelo SIF-Sistema de Inspeção Federal, do Ministério da Agricultura, da SEAB - Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná e Vigilância Sanitária, além dos demais órgãos reguladores que tem como premissa fiscalizar e garantir a qualidade plena dos produtos oferecidos ao mercado consumidor

b) Que o Grupo Argus sustenta de maneira irrestrita instalações plenamente administradas pelo SIF e seus técnicos, sem interferir em qualquer hipótese em suas diligências, tampouco solicitando quaisquer favorecimentos e/ou outras ilicitudes em detrimento da qualidade de seus produtos, tendo o mesmo SIF total autonomia para fiscalizar sua planta industrial

c) Que o Grupo Argus no âmbito da operação ensejada, colocou-se, a partir de todo seu corpo diretor e administrativo, inteiramente a disposição das autoridades policiais, atendendo irrestritamente e imediatamente todas as suas solicitações e mandados, ressaltando também a cordialidade, o profissionalismo e a lisura com que os agentes policiais conduziram a operação nas dependências da empresa

d) Que o Grupo Argus se solidariza com a ação, informando que os questionamentos em virtude das práticas ilícitas direcionadas pela operação em curso não faz parte de sua política, código de valores e modus operandi, repudiando a mesma conduta por parte de quem quer que seja, entendendo que a mesma (operação) trará benefícios significativos ao setor, através de uma competitividade justa e adequada entre seus players

e) Que o Grupo Argus ostenta uma história de 63 anos de relacionamento provado, aprovado e atestado pelo mercado qual participa ativamente, sendo este seu maior certificado de idoneidade, e que tem acima de qualquer interesse comercial, o respeito a seus clientes, fornecedores, parceiros e funcionários, oferecendo sempre produtos certificados nos mais rigorosos padrões de qualidade e em obediência a lei, inclusive servindo de modelo para outras plantas similares do país e do exterior

Desta forma, o Grupo Argus declara estar a inteira disposição da justiça para todo o qualquer esclarecimento que se fizer necessário sobre suas instalações e seus processos, no melhor espírito daqueles que nada tem a esconder, e daqueles que torcem para um país mais justo, íntegro e honesto.

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Central de Carnes Paranaense

Em atenção à imprensa e à sociedade, em virtude de notícias veiculadas nesta sexta-feira (17), a empresa Central de Carnes Paranaense Ltda., dona das marcas Master Carnes, Novilho Nobre e Souza Ramos, esclarece que recebeu a visita dos policiais nesta manhã, e que colaborou no que foi possível e que continuará colaborando.

Nenhum de nossos diretores e/ou funcionários está detido. É importante que se desvincule a ideia de que todas as empresas investigadas pela polícia, de fato adulterem e/ou burlem a lei, e sim fazem parte da investigação, pois necessitam dos serviços do MAPA, isto é, uma vez que todas as nossas empresa tem certificação do ministério, é necessário que sejamos auditados e fiscalizados pelo órgão.

Comprometidos com a verdade e a ética que sempre pautou nossa linha de procedimento, informamos que os produtos fornecidos por nossas empresas seguem a risca as exigências de qualidade.

Outro ponto que fazemos questão de destacar é, que acreditamos que esta investigação é de suma importância para uma concorrência leal no mercado, onde quem ganha é o consumidor.

Tenham a certeza de que a credibilidade de nossa empresa não ficará manchada, pois a nossa filosofia de trabalho sempre foi pautada na verdade e na ética.


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