Folha de S. Paulo


Empresas brasileiras preparam entrada em Bolsa dos Estados Unidos

Edson Silva - 6.mai.2014/Folhapress
Operador sinaliza para piloto durante manobra de avião no aeroporto de Ribeirão Preto
Operador sinaliza para piloto durante manobra de avião no aeroporto de Ribeirão Preto

A start-up brasileira Netshoes entrou com pedido de abertura de capital na Bolsa de Valores de Nova York, em uma nova tentativa de ter ações vendidas em Bolsa.

A empresa de comércio eletrônico não é a única que está de olho no mercado americano. A Azul deu detalhes nesta quinta-feira sobre o seu IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), que será feito simultaneamente na BM&FBovespa e nos EUA.

Se ocorrer dentro do esperado, a operação da Azul deve captar R$ 1,66 bilhão.

Pessoas envolvidas com essas operações afirmam, no entanto, que essas emissões nos Estados Unidos são pontuais, não uma tendência de mercado.

Ainda assim, a incursão pelo mercado americano soa como contraponto ao discurso dos grandes bancos do país que vêm se esforçando para mostrar que investidores estrangeiros estão dispostos a trazer dinheiro para o Brasil.

A Netshoes ainda não divulgou quantas ações pretende vender e nem a faixa de preço que espera que os papéis sejam negociados.

Pelo menos desde 2013 a empresa, fundada em 2000 como loja de rua, ensaia abertura de capital.

Vender ações em Bolsa é a principal porta de saída para fundos de investimento que colocam dinheiro em empresa novatas.

No caso da Netshoes, já foram pelo menos US$ 215 milhões em duas rodadas de investimentos, segundo o site americano Crunchbase.

O maior investidor é o fundo americano Tiger Global, com fatia de 37,8%.

COMPARAÇÃO

Luis Gustavo Pereira, estrategista da Guide Investimentos, diz que, na Bolsa americana, a Netshoes será comparada a grandes empresas de varejo eletrônico. No Brasil, a referência seria a B2W, com desempenho pouco atrativo no mercado acionário, diz. As ações da empresa que inclui Americanas.com e Submarino recuaram 19% em 12 meses.

Para o professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, William Eid Junior, a opção pela Bolsa americana se dá por dois motivos: maior liquidez e mais investidores dispostos a comprar ações de empresas de tecnologia.

Liquidez é a velocidade com que um investidor consegue se desfazer do papel. Ela é maior onde há mais dinheiro, como nos Estados Unidos. Essa costuma ser uma exigência de investidores estrangeiros para comprar ações de empresas de países emergentes.

"A liquidez brasileira é uma banheira, a americana é um mar. Há mais restrição de investidores no Brasil que nos Estados Unidos", diz André Rosenblit, diretor do Santander.

Para ele, é isso que explica o interesse de companhias brasileiras em lançar ações em Bolsas americanas apesar do custo e da burocracia maiores.


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