Pela primeira vez desde 2008, o presidente-executivo da AB InBev, o brasileiro Carlos Brito, não vai receber bônus, depois de "um mau ano" da maior cervejaria do mundo, resultado da compra da rival SABMiller e do fraco desempenho do Brasil.
É a primeira vez que Brito não receberá essa compensação desde que a então InBev comprou a americana Anheuser-Busch. No ano passado, ele teve salário de US$ 1,6 milhão, além de receber, em janeiro, 396 mil opções de ação da empresa, que podem ser negociadas somente depois de um período de cinco anos.
"Se você tem uma padaria e não dá dinheiro em um ano, você não recebe um bônus Aqui é a mesma coisa", disse o executivo.
Mas ele disse que o grupo vai redobrar os esforços: "Depois de um ano ruim, é quando os líderes se mostram à altura dos acontecimentos".
A AB InBev teve um lucro líquido de US$ 1,2 bilhão no ano passado, ante US$ 8,3 bilhões em 2015.
Essa queda se deve aos altos custos de financiamento da aquisição da SABMiller e também ao forte recuo nos seus ganhos no Brasil, o seu segundo maior mercado.
O Ebitda (indicador da capacidade de geração de caixa) da empresa no Brasil caiu 20% no ano -33% nos últimos três meses de 2016.
"Um ambiente desafiador no Brasil colocou pressão no consumidor e teve impacto no nosso resultado", afirmou a companhia.
O mercado brasileiro é responsável por cerca de um quarto do lucro da empresa, só ficando atrás do norte-americano. Nos Estados Unidos, o ano também não foi bom, e as vendas caíram 2%.
As dificuldades nos seus dois maiores mercados foram um dos motivos que levaram a companhia a adquirir a SABMiller, que é forte na África, uma das regiões em que as vendas de cerveja crescem mais expressivamente.