Folha de S. Paulo


Fibra óptica se desdobra para alimentar redes de internet no país

Para sustentar a inteligência urbana, as redes de internet precisaram se adaptar e crescer, com a instalação de milhares de quilômetros de fibra óptica pelo país.

Do lado acadêmico, a RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), organização social vinculada ao governo federal presente na primeira conexão de internet do Brasil, há 25 anos, conectou cerca de 80% dos campi universitários fora das capitais à sua rede desde 2010, motivada sobretudo pela ampliação do ensino superior.

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Redes comerciais também precisaram fortalecer e ampliar a estrutura para atender ao recente aumento da demanda, puxado pelos serviços de streaming e de pagamentos digitais.

O grupo America Móvil, que reúne Embratel, Claro e Net, chegou ao número de 181 mil km de fibra óptica instalados no ano passado -uma das maiores redes do mundo.

"As pessoas consomem cada vez mais dados. A expansão é feita para acompanhar o cliente", afirma Eduardo Polidoro, diretor de internet das coisas da Embratel. "A internet das coisas é um foco atual, como ligar sensores de equipamentos a bancos de dados e coletar informações de carros conectados."

A Tim também fez crescer sua rede: passou de 55 mil km de fibra óptica própria em 2014 para mais de 70 mil km em 2015, segundo o último relatório de sustentabilidade da empresa. A intenção é investir R$ 14 bilhões em infraestrutura até 2018.

Já o grupo Telefônica, que inclui a Vivo, registrou alta de 30% em clientes que usam a fibra óptica em 2015, ano em que investiu R$ 7,1 bilhões na ampliação da cobertura e do atendimento.

CIÊNCIA

Hoje a RNP conecta cerca de 4 milhões de alunos, professores e cientistas em universidades, institutos de ensino e pesquisa e hospitais.

Os 1.500 pontos de presença -locais que recebem a conexão da RNP- provêm internet com velocidade de pelo menos 1 Gbps e podem chegar a 100 Gbps, considerada uma "ultravelocidade".

"A lógica de uma rede acadêmica não é como a da comercial, que se equilibra entre o preço e a capacidade", afirma Nelson Simões, diretor geral da rede. "A RNP trabalha para ter capacidade abundante, permitindo espaço para os talentos brasileiros inovarem", diz.

Para Simões, a rede dá oportunidade a centros de pesquisa menores. "Se cada universidade tivesse que prover sua internet, apenas as maiores, que ficam nos grandes centros, iriam conseguir. Ainda assim, os custos seriam muito altos."

Desde 2015, porém, o orçamento da RNP, que recebe recursos dos ministérios da Cultura, Defesa, Saúde e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, foi reduzido em 40% -o que provocou o corte de projetos, mas não gerou prejuízo para a operação técnica.

No fim de 2016, a rede recebeu repasse de R$ 98 milhões. O orçamento anual é de cerca de R$ 250 milhões por ano.


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