Folha de S. Paulo


'Big data' ajuda a gerenciar trânsito e dá pistas sobre políticas públicas

Experiências no Brasil mostram que o uso de grandes quantidades de dados pode ajudar no controle do fluxo do trânsito das cidades e até torná-lo mais seguro.

A paranaense Seebot desenvolveu o Agent, um dispositivo que coleta dados das vias, identifica padrões e fornece previsões para a gestão do tráfego. Os números ajudam a determinar, por exemplo, o tempo que um semáforo deve ficar aberto para melhorar a fluidez em cruzamentos.

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"Ele aprende sobre a rua na qual está enquanto a observa", explica o cientista de computação Eduardo Schroeder, CEO da empresa.

Os dados coletados são processados pelo servidor da Seebot e podem ser acessados pela prefeitura que contrata o serviço para a tomada de decisões sobre o trânsito.

O produto, finalizado em 2016, está instalado para testes desde novembro em Ivaiporã (cerca de 380 km de Curitiba), no Paraná.

Mas o que fazer com tanta informação? O COR (Centro de Operações da Prefeitura do Rio) aposta na colaboração entre os diversos departamentos da cidade para responder às demandas apontadas pelos dados.

Por meio do Geoportal, software desenvolvido pela Iplanrio, empresa de informática da Prefeitura do Rio, chegam ao centro dados sobre a cidade de mais de cem fontes, entre elas as companhias de energia elétrica e de saneamento, os órgãos de segurança e de trânsito e até o aplicativo de trânsito Waze.

O processamento dos dados é feito por um algoritmo que organiza os incidentes de acordo com a gravidade, a urgência e a tendência que a situação tem de piorar.

"Dessa forma conseguimos prestar socorro e manejar as demandas de maneira mais eficiente, colocando o pessoal de apoio onde ele é mais necessário", diz Alexandre Cardeman, chefe-executivo de operações do COR.

Para Alexandre Hojda, economista especializado em gestão urbana, o controle do trânsito pede ações rápidas e de vários setores.

"A experiência do COR é única no mundo por integrar tantos departamentos", afirma Hojda, que também coordena o projeto de implantação de um centro de operações em Curitiba.

DETALHES

Criado em 2015 pelo Movimento Paulista de Segurança no Trânsito, ligado ao governo de São Paulo, o Infosiga é uma base de dados atualizada mensalmente, com informações detalhadas sobre como e onde aconteceram os acidentes em todo o Estado. A plataforma fornece ainda um perfil das vítimas.

O trabalho só é possível com uma triagem eletrônica, que seleciona o material que interessa entre mais de 5.000 incidentes de trânsito provenientes do Registro Digital de Ocorrência, da Polícia Civil.

Para Silvia Lisboa, coordenadora do movimento, os dados podem ser úteis para as prefeituras aplicarem seus recursos em medidas mais efetivas.


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