Folha de S. Paulo


Usina que foi controlada por dono do Mappin tem falência decretada em SP

Joel Silva - 22.mar.2007/Folhapress
ORG XMIT: 003001_1.tif Vista geral Cerp (Companhia Energética Ribeirão Preto), antiga destilaria Galo Bravo, em Ribeirão Preto (SP), no início da safra de cana-de-açúcar na região. (Ribeirão Preto, SP, 22.03.2007. Foto de Joel Silva/Folhapress)
Vista geral Cerp (Companhia Energética Ribeirão Preto), em Ribeirão Preto (SP)

Usina que chegou a ser controlada pelo empresário Ricardo Mansur (ex-Mappin e Mesbla), a Cerp (Central Energética Ribeirão Preto) teve a falência decretada pela Justiça de Ribeirão (a 313 km de São Paulo).

A usina, antiga Galo Bravo, já não opera desde maio de 2011, depois de uma história marcada por polêmicas e dificuldades financeiras em seus últimos anos de funcionamento.

A falência foi decretada pela 4ª Vara Cível da cidade devido a um título de R$ 33.839,90 protestado por um dos credores, uma empresa de inspeções técnicas de Sertãozinho que atua na área de soldagens.

Segundo o administrador judicial Alexandre Borges Leite, a usina que teve Mansur como administrador foi representada pela Defensoria, já que não foram encontrados representantes legais para serem citados. A Folha também não localizou membros da antiga diretoria.

Flávio Florido - 26.out.2000/Folhapress
ORG XMIT: 081401_1.tif Ricardo Mansur (à esq.), empresário responsável pela falência do Mappin, deixa o Fórum da praça João Mendes após depoimento, em São Paulo (SP). (São Paulo (SP), 26.10.2000, Flávio Florido/Folhapress)
Ricardo Mansur (à esq.), empresário responsável pela falência do Mappin

"Resulta latente a crise econômico-financeira da requerida que não paga obrigação líquida materializada em títulos protestados e não usufrui a faculdade do pedido de recuperação judicial", diz trecho da decisão do juiz Héber Mendes Batista.

Mansur administrou a Cerp entre agosto de 2009 e julho do ano seguinte, quando uma ala da família Balbo, que era proprietária da Galo Bravo, tomou posse da sede da indústria, com direito a uso de seguranças, após alegar sucessivos calotes do empresário.

Os proprietários acusaram o empresário de desviar pelo menos R$ 10 milhões da usina, que já estava praticamente falida. A Galo Bravo, quando Mansur a assumiu, tinha dívidas de cerca de R$ 450 milhões, segundo credores.

Após a retomada pela família, operou por apenas uma safra e encerrou as atividades. Foi a última das usinas de açúcar e etanol em funcionamento em Ribeirão Preto, que se denomina "capital do agronegócio".

Da antiga usina, resta apenas o "esqueleto" do prédio -com mato alto e ferrugem- em meio a lavouras de cana-de-açúcar que a cercam e hoje atendem a outras unidades espalhadas pela região.

NOVA VIDA

Ao assumir a usina, Mansur disse, por meio de um gerente que contratou, que apostaria no setor sucroalcooleiro e que pretendia investir em usinas.

Assim foi feito. Em janeiro de 2010, comprou a Destilaria Pignata, em Sertãozinho, cidade vizinha a Ribeirão, mas por pouco tempo. Depois de três meses, funcionários já se queixavam de atrasos salariais e credores não recebiam. Em maio, a empresa voltou a ser controlada pelos antigos donos.

Em sua temporada em Ribeirão Preto, Mansur frequentava restaurantes sofisticados, circulava em veículos importados e morava numa casa de 2.000 metros quadrados num condomínio de luxo.


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