Folha de S. Paulo


3G Capital tem até US$ 15 bilhões para usar em nova megatransação

O grupo de capital privado 3G Capital, que encabeçou a oferta frustrada de US$ 143 bilhões feita pela Kraft Heinz para a aquisição da Unilever, tem até US$ 15 bilhões para empregar em sua próxima megatransação, de acordo com diversas pessoas próximas ao grupo.

O 3G, que frequentemente investe em parceria com Warren Buffett, está determinado a identificar e executar uma grande tomada de controle acionário em breve, depois do colapso da transação com a Unilever, no domingo, disseram duas pessoas informadas sobre a situação da empresa.

O 3G, sediado em Nova York, tem US$ 10 bilhões sob administração em seu mais recente fundo, e conta com a opção de solicitar US$ 5 bilhões em contribuição adicional dos investidores, acrescentaram as fontes.

Além de seu capital e do capital do veterano investidor Buffett, o 3G tipicamente financia suas transações por meio de captação garantida pelo balanço da empresa alvo de sua investida.

Esse tipo de estrutura permitiu que o 3G contemplasse a operação de aquisição da Unilever pela Kraft Heinz por US$ 143 bilhões.

A Kraft Heinz é controlada pelo 3G e pela Berkshire Hathaway, a companhia de Buffett, e a abrupta retirada da oferta do grupo norte-americano de alimentos pela Unilever representa a primeira ocasião em que o grupo de capital fechado se viu derrotado em uma batalha por controle acionário.

A Kraft Heinz, mencionando a forte oposição de parte da fabricante anglo-holandesa de bens de consumo à sua oferta, declarou no domingo que seu "interesse foi revelado em um estágio muito prematuro. Nossa intenção era proceder de maneira amistosa, mas ficou muito claro que a Unilever não deseja contemplar uma transação".

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O esforço frustrado de tomada de controle da Unilever revela que o 3G está pronto para se expandir para além dos alimentos, bebidas e restaurantes de fast food, as três áreas do mercado de bens e serviços de consumo na qual o grupo cresceu por meio de seus investimentos na Kraft Heinz, Anheuser-Busch InBev e Burger King, respectivamente.

Jorge Paulo Lemann, o bilionário brasileiro que é cofundador do 3G, encarava a aquisição da Unilever como oportunidade de usar a Kraft Heinz a fim de gerar cortes significativos de custos na área de alimentação da Unilever, e dar ao grupo de capital privado uma porta de entrada no setor de produtos domésticos e de cuidado pessoal, disseram pessoas envolvidas na batalha de tomada de controle.

A porção paga em dinheiro na oferta de US$ 50 por ação da Kraft Heinz pela Unilever envolveria capital do 3G e da Berkshire Hathaway e captação nos mercados.

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Os outros 40% do valor oferecido seriam pagos em ações da empresa criada pela fusão.

A oferta da Kraft Heinz pela Unilever deve reanimar as especulações de que o grupo pode estar interessado na Mondelez International, fabricante de snacks criada por cisão da Kraft Foods em 2012. Sua capitalização de mercado é de cerca de US$ 65 bilhões.

Bill Ackman, administrador de fundos de hedge e investidor ativista que detém 5,6% da Mondelez, vem sugerindo repetidamente a ideia de que a fabricante dos chocolates Cadbury's e da goma de mascar Trident seja vendida à Kraft Heinz.

Kellogg, General Mills e Campbell Soup —empresas com valores de mercado de entre US$ 18 bilhões e US$ 35 bilhões— são consideradas por diversos analistas como potenciais alvos de aquisição pelo 3G, e segundo eles qualquer uma delas poderia ser integrada à Kraft Heinz.

Na categoria dos produtos domésticos e de cuidado pessoal, os potenciais alvos de tomada de controle pelo 3G incluem Colgate-Palmolive, Kimberly-Clark e Clorox. As três têm valor de mercado muito abaixo dos US$ 150 bilhões que a Kraft Heinz provavelmente teria de pagar para abocanhar a Unilever.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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