Folha de S. Paulo


Vale faz acordo histórico que pulveriza controle para ampliar governança

A Vale anunciou nesta segunda (20) um novo acordo de acionistas que vai pulverizar o controle da empresa, hoje nas mãos do Bradesco e de fundos de pensão estatais.

O objetivo, segundo a companhia, é fortalecer a governança e permitir o acesso ao Novo Mercado da Bovespa, uma espécie de selo de qualidade de empresas com boa gestão. Mas o processo também ajuda os fundos de pensão, que têm de vender ações para equilibrar suas finanças e pagar aposentadorias.

Pela proposta, as ações preferenciais deixarão de existir, sendo convertidas em ordinárias (com direito a voto). E a Valepar, empresa detida por Bradesco e pelos fundos e que exerce o controle da mineradora, será incorporada pela Vale.

Assim, não haverá mais um bloco de controle definindo os rumos da companhia, o que reduz também os riscos de ingerência política na gestão -hoje, o governo exerce influência por meio dos fundos e do BNDESPar, que também é acionista.

Com o anúncio, as ações ordinárias da Vale subiram 3,93%. As preferenciais (sem direito a voto), 6,17%.

Pelo acordo, um investidor só poderá ter 25% do capital da Vale. Quem quiser ter mais precisará fazer uma oferta para comprar a fatia de todos os demais acionistas.

A Vale chamará uma assembleia em junho para votar a proposta, que só entrará em vigor se for aprovada por detentores de 54% das ações.

A ideia é concluir o processo até o final de 2017. O acordo prevê um período de transição até 2020, no qual parte das ações ficam congeladas.

ALÍVIO

A mudança na estrutura da Vale resolve um problema para os fundos, que estiveram às voltas com rombos bilionários. Hoje, Previ (dos funcionários do BB), Funcef (Caixa), Petros (Petrobras) e Funcesp (Cesp) detêm ações na Vale por meio da Litel -que por sua vez é sócia da Valepar. Com esse modelo, os fundos não podem vender ações a qualquer tempo na Bolsa.

Para a Previ, a mudança era essencial para viabilizar o pagamento de aposentadorias. A fatia na Vale é o principal ativo do Plano 1, o maior de seus planos, que tem 15,5% do capital total da Vale. Tal fatia, porém, está "presa" no bloco de controle.

Com a mudança, boa parte das ações estará livre para negociação a partir de fevereiro de 2018, diz a Previ. O restante estará livre em 2020.

O Plano 1 teve rombo de R$ 13,9 bilhões em 2015, mas os resultados haviam sido revertidos até novembro de 2016.

A Funcef, que tem 12,8% da Litel, também comemorou a possibilidade de ter opções para a venda de sua fatia, destacando em nota que metade das ações ordinárias poderá ser negociada na Bolsa após seis meses.


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