Folha de S. Paulo


Heineken compra Kirin Brasil, dona da Nova Schin, por R$ 2,2 bilhões

Eric Gaillard/Reuters
FILE PHOTO - Packs of Heineken beer are displayed for sale in a Casino supermarket in Nice, France, January 16, 2017. REUTERS/Eric Gaillard/File Photo ORG XMIT: RPA404
Garrafas de cerveja Heineken

A Heineken anunciou nesta segunda-feira (13) que assinou acordo com a japonesa Kirin para compra da Brasil Kirin, dona da Schin e da Devassa, em uma transação que a tornará a segunda maior fabricante de cervejas do país.

Incluindo dívidas, a Heineken informou que pagará 77 bilhões de ienes (R$ 2,2 bilhões) pela empresa, numa transação que visa aumentar sua presença no mercado brasileiro, o terceiro maior do mundo, fortalecer seu portfólio de marcas e ganhar escala.

Após a conclusão do negócio, que precisa passar pelo crivo dos órgãos reguladores, a companhia holandesa passará a ter uma participação de mercado de 20,5% no Brasil, se levados em conta os dados da consultoria Euromonitor relativos a 2015.

A empresa supera, assim, a Petrópolis (Itaipava, Crystal), que tem 11,9%. A AB InBev permanece em primeiro, com 63,3%.

O negócio encerra a problemática participação da Kirin no mercado brasileiro, iniciada em 2011, quando pagou cerca de US$ 3,9 bilhões por por 12 cervejarias, inclusive a Schincariol, que que custou US$ 2,65 bilhões.

A aquisição pesou fortemente sobre o desempenho da Kirin, em razão da recessão brasileira. O grupo japonês também se viu forçado a participar de uma batalha pelo controle de sua subsidiária no país, porque alguns membros da família Schincariol recorreram à Justiça para suspender a venda.

O volume de venda de cerveja da Kirin no Brasil caiu 25% de 2012 para cá, e em 2015 o grupo registrou seu primeiro prejuízo líquido anual desde 1949, depois de encontrar dificuldades para reverter o declínio de seus negócios no Brasil.

A subsidiária brasileira da empresa registrou prejuízo de R$ 509 milhões (US$ 163 milhões) em 2015 e de R$ 284 milhões no ano passado.

MERCADO EM CRISE

A transação ocorre em um contexto de encolhimento no mercado brasileiro de cerveja. Até o trimestre encerrado em setembro, as vendas da AB InBev haviam caído 5,1% ante o mesmo período de 2015.

A despeito das condições econômicas difíceis no Brasil, a Heineken disse que os fundamentos do mercado de cerveja do país são atraentes, no longo prazo.

"A transação representa uma mudança de escala em um mercado de cerveja empolgante, que aproveitará o sucesso que conquistamos até o momento no segmento premium e reforçará nossa plataforma para futuro crescimento", disse Jean-François van Boxmeer, presidente-executivo da Heineken.

Em 2010, a Heineken comprara a divisão de cervejas da mexicana Femsa, que era dona, no Brasil, das marcas Kaiser e Bavaria.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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