Acostumados com a ilegalidade, a maioria dos bingos tenta não chamar a atenção. Porém, o bingo Coliseu e Roma, no bairro Azenha, em Porto Alegre, escolheu um caminho nada discreto.
Uma festa com direito a show de bateria de escola de samba marcou a reinauguração do local no dia 13, após anos de "abre e fecha".
"O salão estava lotado!", relembra Alzemiro Jacintho da Silva, presidente da Império do Sol, agremiação que se apresentou no local.
"Façam suas apostas, o jogo começou" é o tema do samba-enredo da escola para o Carnaval deste ano.
"É bingo! A sorte que lampeja e o sonho que deseja na 'cabeça' acertar!", diz um trecho da letra da música.
O tema foi escolhido ainda em março de 2016, de acordo com Silva, assim que o Carnaval anterior foi encerrado.
"Foi lindo demais, bebê", disse uma funcionária do Roma sobre a festa, enquanto auxiliava uma idosa a usar uma máquina de apostas.
Quase uma centena de máquinas são dispostas lado a lado em fileiras. As luzes das telas dos jogos temáticos (piratas, cassino e até ursinho) brilham em contraste com a penumbra.
Enquanto o bingo não começava, a repórter apostou R$ 10 em uma máquina "para iniciantes" que fazia combinação de sequência de símbolos (diamante, trevo, cofre) e faturou R$ 15. Cerca de dez idosos faziam o mesmo.
No salão reservado ao bingo, a fumaça dos cigarros embaça a luz indireta. "Olha ao redor: 99,9% das pessoas aqui são velhas", disse um senhor apontando para o mar de "cabeças brancas" que tomou conta dos cerca de duzentos lugares.
"São sempre os mesmos que estão aqui, são viciados", disse, confessando que ele mesmo é viciado em apostas.