Folha de S. Paulo


Yahoo! adia venda à Verizon após ataque de hackers

Dado Ruvic/Reuters
Yahoo anuncia adiamento de venda à Verizon, depois de ataque de hackers
Yahoo anuncia adiamento de venda à Verizon, depois de ataque de hackers

O Yahoo! anunciou na segunda-feira (23) que esperava que a venda de suas principais operações à Verizon Communications fosse concluída a partir de abril, o que representa atraso em relação à intenção original de concluir a transação no primeiro trimestre.

O atraso torna ainda mais demorada a já longa despedida de Marissa Meyer, a presidente-executiva do Yahoo!, apontada cinco anos atrás para tentar reverter o declínio de uma das companhias pioneiras da internet, sem sucesso.

Os negócios do Yahoo!melhoraram ligeiramente no quarto trimestre, a despeito das distrações geradas pela venda iminente à Verizon e de uma sucessão de revelações sobre dois roubos de informações sigilosas de contas pertencentes a centenas de milhões de usuários.

O Yahoo! disse que não registrou queda de uso depois das revelações sobre ataques de hackers, o que contraria as indicações públicas da parte da Verizon no sentido de que as violações de dados causaram redução material no valor dos negócios de internet da companhia.

A Verizon fechou acordo em julho do ano passado para adquirir as operações de internet da empresa por US$ 4,8 bilhões, mas isso aconteceu antes que o Yahoo! revelasse os dois episódios de roubo de dados em larga escala, ocorridos em 2013 e 2014.

"Com os nossos resultados para 2016 e para o quarto trimestre acima do projetado, e a estabilidade continuada nos índices de engajamento de nossos usuários, as oportunidades futuras com a Verizon parecem excelentes", afirmou Mayer em declaração divulgada em companhia dos resultados financeiros da empresa para o quarto trimestre.

O Yahoo informou que cerca de 90% de seus usuários haviam alterado suas configurações de segurança ou não haviam sido afetados pelas violações de dados.

As violações estão sendo investigadas por diversas agências do governo, entre as quais o FBI (Polícia Federal americana) e a SEC (Securities and Exchange Commission), agência que regulamenta os mercados de valores mobiliários dos Estados Unidos. O "Wall Street Journal" reportou no domingo que a SEC estava questionando se o Yahoo! havia revelado as violações aos investidores em prazo oportuno.

A SEC e o Yahoo! se recusaram a comentar sobre a reportagem do "Wall Street Journal".

Um porta-voz da Verizon, Bob Varettoni, disse que a empresa ainda estava avaliando os efeitos das violações de dados sobre a aquisição proposta, mas se recusou a acrescentar outros comentários.

Jeff Vogel, diretor executivo do Bulger Partners, banco de investimento e consultoria de estratégia tecnológica sediado em Boston, disse que a Verizon precisava avaliar os custos diretos das violações, tais como potenciais indenizações judiciais e ressarcimento de prejuízos de consumidores, bem como os possíveis efeitos negativos de longo prazo sobre a marca Yahoo.

"Mesmo desconsiderando as medidas que a SEC venha a adotar, a Verizon ainda tem decisões duras a tomar", disse Vogel. "Precisam estudar os danos e a possível deterioração da marca com muito cuidado, nas porções do negócio afetadas pelas violações".

A despeito de todas as controvérsias, os negócios do Yahoo! estão começando a melhorar. O faturamento no quarto trimestre foi de US$ 1,47 bilhão, 15% acima do total do período um ano antes. A receita líquida foi de US$ 162 milhões, ante prejuízo de US$ 4,4 bilhões no ano anterior.

O indicador que a empresa favorece —receitas ajustadas anteriores aos juros, impostos, depreciação e amortização— também mostrou melhora, com alta de 51% para US$ 324 milhões.

O Yahoo! ressaltou que enxugou muito seus custos com relação a 2015, cortando 2.100 postos de trabalho.

Para os investidores, o destino das operações centrais do Yahoo! perdeu importância há muito tempo, já que eles pensam mais nos 15% de participação que o grupo detém na companhia chinesa de comércio eletrônico Alibaba, e em sua participação de 35,5% no Yahoo Japan, uma empresa separada controlada pelo SoftBank.

As duas participações acionárias valem US$ 46 bilhões, pelas cotações de mercado atuais. Depois da transação com a Verizon, as participações passarão a ser detidas pela porção restante do Yahoo, que assumirá o nome de Altaba.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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