Folha de S. Paulo


CPFL ganha fôlego para expansão no Brasil com chineses no controle

Paulo Whitaker/Reuters
Linhas de transmissão de energia elétrica em Caçapava 14/08/ 2015
Linhas de transmissão de energia elétrica em Caçapava (SP)

A CPFL Energia, maior elétrica privada do Brasil, ganhará fôlego financeiro e acesso a novas tecnologias após a recém-concluída entrada da chinesa State Grid no bloco de controle da companhia, disse nesta segunda-feira o presidente da empresa brasileira, André Dorf.

A State Grid pagou R$ 14,2 bilhões pelas ações detidas pela Camargo Corrêa e por fundos na CPFL e mais R$ 3,17 bilhões pela subsidiária CPFL Renováveis, dedicada à energia limpa. Entretanto o negócio poderá envolver valores ainda maiores, uma vez que em breve será realizada uma oferta pelas ações dos minoritários de ambas as empresas.

Os números mostram o poder de fogo dos chineses, que poderá inclusive elevar a nota de crédito da CPFL nas próximas captações, segundo Dorf.

"A gente reforça nossas possibilidades de crescimento com a State Grid no bloco de controle... vai ter um conjunto de oportunidades que a companhia poderá explorar daqui para a frente, com um acionista que tem acesso a capital, conhece o setor e tem apetite por crescimento", afirmou o executivo.

A CPFL atua em geração, distribuição e comercialização de eletricidade, além de transmissão, onde tem uma presença mais tímida.

Assim, segundo Dorf, a tendência é que investimentos em transmissão ainda sejam realizados pela State Grid Brasil, enquanto a CPFL focaria principalmente nos outros segmentos, nos quais possui maior força.

Na distribuição, a empresa deverá mirar potenciais aquisições de elétricas próximas às operações atuais da companhia, que atendem municípios de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais.

Embora o governo federal já tenha anunciado que pretende privatizar ainda neste ano seis distribuidoras do grupo estatal Eletrobras, essas empresas não estariam entre as prioridades da CPFL neste momento, por atuarem no Norte e Nordeste.

"Claro que tudo depende de preço, mas em condições normais faria mais sentido para a gente operações mais próximas de nossos ativos", disse Dorf.

GERAÇÃO

Na área de geração de energia o interesse deverá ser principalmente em ativos nos quais a empresa possa deter o poder de controle, e não ser minoritária, disse o executivo.

Fontes renováveis também estão no radar dos chineses, que poderão aproveitar um amplo portfólio de projetos da CPFL Renováveis, que investe em usinas solares, eólicas, à biomassa e pequenas hidrelétricas.

TECNOLOGIA

Além da maior força financeira para investimentos em novos projetos ou aquisições, a CPFL ganhará com a State Grid acesso a novas tecnologias desenvolvidas pela China para o setor elétrico, como medidores inteligentes e outros equipamentos ou serviços.

"Eu estive lá (na China) e pude ver que eles têm uma tecnologia muito grande... O intercâmbio tecnológico vai nos permitir modernizar nosso parque de ativos... Eles estão realmente na nossa frente nesse sentido", disse Dorf.

Segundo especialistas, a abertura de novos mercados para seus equipamentos de eletricidade e serviços de engenharia é um dos principais motivadores para a recente expansão de elétricas chinesas no exterior.

No Brasil, a State Grid já possui forte atuação e é responsável pelos maiores projetos de transmissão de energia em andamento no país: dois linhões de ultra-alta tensão que ligarão a mega hidrelétrica de Belo Monte ao sistema nacional.

Outra empresa chinesa, a Three Gorges, tornou-se recentemente vice-líder em geração de energia no Brasil, atrás apenas do grupo estatal Eletrobras, após uma série de aquisições de ativos no país.


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