Folha de S. Paulo


Calçadistas projetam retomada das vendas internas após tombo em 2016

Zanone Fraissat - 12.ago.2014/Folhapress
Produção de calçados da Piccadilly, localizada em Igrejinha (RS)
Produção de calçados no Rio Grande do Sul

A indústria calçadista brasileira abriu 2017 com esperança de alguma retomada no mercado interno após um ano com mais de 16% de queda nas vendas de sapatos, segundo dados da Ablac (Associação Brasileira de Lojistas de Artefatos e Calçados).

Para Jeferson Santos, diretor da Couromoda, feira do setor que começou neste domingo (15) em São Paulo, "o recente movimento de queda dos juros e controle da inflação estão trazendo expectativas de melhora no consumo a partir de maio".

Ele afirma que agora os olhos da indústria devem se voltar para o mercado interno novamente. Segundo Santos, a edição do evento realizada em janeiro do ano passado foi salva pela presença de estrangeiros, que equilibraram um pouco o mau humor da demanda brasileira.

O câmbio favorável na maior parte do ano levou a indústria calçadista brasileira a fechar 2016 com com 126,17 milhões de pares embarcados, que geraram US$ 999 milhões, uma alta de 1,7% em volume e de 4% em faturamento na comparação com 2015.

Sozinhas, porém, as exportações não foram capazes de segurar o emprego porque representam uma fatia de 10% a 15% da indústria.

"O mercado interno representa mais de 85% das vendas do setor. Essa retomada deve ter um reflexo importante para a indústria", disse Heitor Klein, presidente-executivo da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).

Segundo ele, uma melhora do cenário interno pode resgatar o objetivo de recuperar o nível histórico de empregos no setor, que é de 350 mil postos gerados anualmente, mas hoje está em pouco mais de 300 mil.

Os Estados Unidos foram o principal destino para o setor no ano passado, com importação de mais de 13 milhões de pares por US$ 221,36 milhões, uma alta de 15% em relação a 2015.

A Argentina foi outro destino importante, apesar das dificuldades enfrentadas por exportadores brasileiros em meados do ano para fazer seus produtos cruzarem a fronteira devido ao atraso por parte de autoridades argentinas na entrega de protocolos e documentação.

"Existe a sinalização do governo Macri para estabilidade do fluxo de comércio, mas a partir do segundo semestre tivemos um pouco mais de dificuldades na liberação das licenças de importação. É até compreensível, pois o fluxo foi forte no primeiro semestre e a situação da Argentina, tanto por problemas internos quanto pela falta de reservas internacionais, acabou culminando nessa decisão", disse Klein.

Segundo o presidente da Abicalçados, já foi aberto o diálogo com autoridades argentinas e a situação deve ser normalizada durante o ano.

Jeferson Santos, da Couromoda, afirma que a indústria tem feito muitos movimentos para melhorar seu desempenho e mitigar os impactos da crise. Segundo ele, algumas empresas do setor estão estudando a possibilidade de levar parte de suas produções para o Paraguai, em busca de menores custos de produção, uma tendência que também tem se concretizado entre fabricantes de brinquedos e têxteis.


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