O bilionário egípcio Naguib Sawiris, 62, virá ao Brasil em duas semanas e tentará convencer o governo de que é a melhor opção para salvar a Oi. A empresa está em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 65,4 bilhões, e tem o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa como seus principais credores.
O plano de Sawiris prevê uma virada na companhia dentro de um ano, repetindo o que aconteceu em 2011, quando seu grupo -a Orascom- fez uma fusão com a italiana Wind, em 2011.
A operadora europeia já acena com uma retomada, posicionando-se como "a operadora dos pobres", nas palavras do próprio Sawiris.
Com as fusões, a Orascom tornou-se o sexto maior grupo do mundo em número de clientes. A empresa está presente em 20 países, como Líbano, Paquistão, Iraque e Coreia do Norte -onde uma manobra do ditador Kim Jong-un confiscou seus lucros.
"O Brasil é o país das maravilhas [perto dos outros]", disse o egípcio à Folha. "Estou em lua de mel."
O empresário, que se diz uma pessoa passional, fala em sua proposta de recuperação da Oi como "um casamento com o país". "Depois disso [da aprovação do plano da Oi], vamos nos instalar e prospectar outros negócios."
Ele defende que sua experiência com emergentes ajudará a "corrigir erros do passado" e a "encontrar um caminho correto" para a Oi.
Uma das dúvidas do governo brasileiro ao plano de Sawiris é se o investimento será de longo prazo. Com fortuna pessoal estimada em US$ 3,7 bilhões pela revista "Forbes", o egípcio prometeu colocar US$ 250 milhões na Oi.
Os maiores credores estrangeiros, que se aliaram a ele, colocarão mais US$ 1 bilhão. Sawiris terá cerca de 10% da companhia, mas a gestão será da Orascom.
Segundo o bilionário, para "limpar a Oi", muitas mudanças terão de ser feitas. "Não tem mágica. O dinheiro da empresa foi gasto em lugares errados," afirma.
"Não consigo entender como uma empresa que só vale US$ 650 milhões [na Bolsa] pode prestar serviços de qualidade com obrigações como conectar lugares na selva onde não tem ninguém."
A alteração do marco regulatório, aprovado pelo Congresso, e negociações de dívidas (multas) com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) serão os primeiros passos para o sucesso do plano. "Se tudo der certo, poderemos pensar em uma fusão com a TIM", diz. "Mas vamos primeiro recuperar a Oi. Um problema de cada vez."
SÓCIOS
Pelo plano de Sawiris, credores terão de dar descontos e receberão parte do pagamento em ações da Oi. Os atuais acionistas ficarão com uma participação menor.
A proposta causa controvérsias entre os sócios portugueses da Pharol, que têm cerca de 25% das ações, e Nelson Tanure que, com outros fundos, têm cerca de 18%.
A Pharol queria que os credores dessem os descontos, mas não abria mão de manter sua participação na Oi.
Sawiris é enfático sobre essa disputa. "Os credores já concordaram em ceder e os sócios portugueses não estão em condições favoráveis porque sua participação perde valor. A empresa exige sacrifícios e todos terão de ceder."
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RAIO-X
Orascom
Atuação
Telecomunicações, óleo e gás, mídia, construção, hotelaria, mineração, entre outros
Abrangência
Mais de 20 países, como Líbano, Iraque e Burundi
Listadas em Bolsa
Orascom TMT, ItaliaOnline, Dada, Evolution e Endeavour
Valor das participações
US$ 1,7 bilhão
Receitas estimadas, 2016
US$ 20 bilhões