A recuperação da Bolsa de Valores transformou o mercado acionário no investimento mais rentável deste ano, considerando as aplicações mais populares.
Em 2016, o Ibovespa subiu 38,9% e impulsionou ganhos de quem investiu em fundos de ações. A valorização é a maior desde 2009, quando o principal índice acionário brasileiro havia avançado mais de 80%.
A alta veio na esteira da expectativa de recuperação da economia e também da volta dos investidores estrangeiros, que procuravam oportunidades de ganhos maiores em economias emergentes.
O cenário é o oposto do visto nos anos mais recentes, quando a Bolsa caía, e fundos cambiais lideravam ganhos. Neste ano, os investimentos em dólar tiveram o pior desempenho entre os produtos avaliados. A moeda à vista caiu 17,8%, primeira desvalorização desde 2010.
Para o próximo ano, o avanço das reformas propostas pelo governo, como a da Previdência, deve ditar a continuidade dos ganhos. Na contramão, o início do mandato de Donald Trump como presidente dos EUA e o desenrolar da Operação Lava Jato podem trazer incertezas para o mercado e afetar a rentabilidade dos investimentos.
ANO DAS AÇÕES - Rentabilidade bruta no ano, em %
RECOMENDAÇÃO
No geral, especialistas esperam nova alta para ações no próximo ano. Ainda assim, as aplicações em renda variável devem compor apenas uma pequena parcela dos investimentos.
O professor do Insper e planejador financeiro Michael Viriato recomenda que mesmo investidores mais conservadores tenham entre 3% e 5% do dinheiro aplicado em fundos de ações, uma forma de aproveitar parte de uma possível continuidade das altas recentes. Os mais agressivos podem ter até 20%.
Marcos Figueiredo, superintendente de investimentos do Santander, sugere fundos multimercados –que misturam aplicações em renda fixa e variável– para os mais cautelosos. Ações, só para quem tem maior disposição em arriscar.
Eles estão alinhados, no entanto, na percepção de que o investidor precisará estar mais disposto a correr riscos se quiser manter ganhos elevados.
"É preciso virar a chave para um pouco mais de risco nos investimentos", afirma o professor do Insper.
No último ano, o investidor se beneficiou dos juros altos.
A Selic ficou em 14,25% até outubro, quando o Banco Central iniciou o processo de redução de juros. Hoje, ela é de 13,75% ao ano, mas economistas esperam que recue para 10,75% ao final de 2017.
Com isso, deve diminuir a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, que trouxeram ganhos acima dos 10% neste ano.
A sugestão é buscar papéis que paguem a variação da inflação e mais uma taxa de juros, como o título público Tesouro IPCA+.
Hoje, é possível investir nesse papel com taxas ao redor de 6% ao ano mais a variação do IPCA.
O risco dos investimentos atrelados à inflação é perder dinheiro se o título for vendido antes do vencimento. No entanto, se o poupador carregar a aplicação até o final, receberá a remuneração contratada.
Ainda assim, a regra geral é ter uma fatia dos investimentos em papéis pós-fixados, como Tesouro Selic, CDBs ou fundos que invistam em títulos pós-fixados.
O pequeno poupador deve ter pelo menos o equivalente a seis meses de gastos nessas aplicações, como reserva para recorrer caso ocorra alguma emergência.