Folha de S. Paulo


OPINIÃO

Empreendedorismo não combina com pessimismo

Pierre Duarte - 24.ago.2015/Folhapress
Franca, SP, 24/08/2015. CALÇADOS DE FRANCA EM ALTA. Industrias vão na contramão da crise. A cidade de Franca no interior de SP é a cidade com maior saldo de empregos formais criados neste ano (cerca de 5 mil ate julho). Quase todas as vagas foram criadas basicamente no setor de calçados. Linha de produção de calçados na fábrica Rota Norte em Franca. A empresa fabrica calçados para marcas como Sândalo, Carmem Steffens e Clave de Fá. Foto: Pierre Duarte. **Agência Folha/Mercado**EXCLUSIVO FSP**
Linha de produção de sapatos em Franca, no interior de São Paulo

Empreender em qualquer lugar do mundo não é fácil. Exige persistência, determinação e apreço pelo risco. Empreender em um país com economia instável e crise política, como o Brasil, exige estômago forte e atenção 24 horas. Por isto, o que mais ouvimos neste final de ano é "tomara que 2016 acabe logo."

Ainda estamos longe de ter um ambiente no mínimo confiável para empreender no Brasil. Muitas ações que poderiam melhorar a vida do empreendedor não receberam atenção.

Ainda temos que conviver com uma imensa burocracia, e não há resiliência que resista a tanta dificuldade. Mas vamos ficar listando aqui as nossos problemas? Empreendedores, por natureza, são otimistas. Pensando assim, vamos imaginar um 2017 dos sonhos? Como seria o ambiente empreendedor ideal em nosso país para 2017?

Teríamos um Estado que se faça menos presente e não apenas um criador de impostos, barreiras e burocracia para os empreendedores.

Teríamos um sistema financeiro mais aberto e menos polarizado, com instituições que enxergassem valor em apoiar pequenos empreendedores e entendessem a importância deles para a economia brasileira.

O ensino seria mais conectado à prática e ao mercado, incentivando e apoiando alunos empreendedores. As grandes corporações não buscariam nos empreendedores somente um caminho rápido para inovação, mas apoiariam pequenas empresas e start-ups, oferecendo mercado e recursos.

Teríamos uma carga tributária da pequena empresa mais equilibrada, principalmente em relação à folha de pagamento. E teríamos empreendedores criando negócios para resolver problemas urgentes e reais.

Este seria o ambiente ideal. Mas enquanto não chegamos lá, o que podemos esperar de 2017? Com a virada do ano, não há mudança mágica, mas as medidas de estímulo à economia podem ajudar o ambiente para nós empreendedores. Considerando a melhora na economia, devemos também ter um avanço no acesso a crédito para pequenas empresas.

O volume de empreendedores deve continuar crescendo em 2017, afinal temos 12 milhões de desempregados e uma grande parte não será mais absorvida pelo mercado de trabalho. Para eles, empreender será uma opção.

Devemos também ter um ano com um aumento de investimento-anjo após a lei, sancionada em outubro, que torna mais segura a atividade e trará benefícios. O empoderamento feminino continuará em evidência tanto nas grandes corporações quanto entre os empreendedores brasileiros.

Continuaremos observando um crescimento do empreendedorismo de impacto, com foco na solução de problemas sociais. Setores como educação, serviços financeiros, economia compartilhada ainda continuam em alta.

Assim, esperamos que em 2017 possamos comemorar não só a quantidade de empreendedores mas a qualidade dos negócios.

ANA FONTES é fundadora da Rede Mulher Empreendedora


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