Folha de S. Paulo


Uber tem prejuízo de mais de US$ 800 milhões no 3º trimestre

A disputa intensa pelo mercado americano e os gastos para o desenvolvimento de iniciativas levaram o Uber a ter um prejuízo de US$ 800 milhões, segundo uma pessoa informada sobre o desempenho financeiro da empresa, que não divulga publicamente seus resultados.

Ainda assim, a perda foi menor que a registrada no segundo trimestre, graças, em grande parte, à decisão da empresa de abandonar a disputa pelo mercado chinês.

A decisão do Uber de vender suas operações na China para a rival local Didi Chuxing, anunciada em agosto, aliviou os prejuízos que a companhia americana sofria ao subsidiar o transporte de passageiros no país asiático.

Ao mesmo tempo, o acordo também significou que o Uber abriu mão do imenso potencial de crescimento do maior mercado mundial para serviços de carros.

E os dados do terceiro trimestre mostram que os problemas da empresa para obter lucro vão muito além do mercado chinês e envolvem o desenvolvimento de tecnologias e uma pesada disputa de preços nos Estados Unidos com a concorrente Lyft.

Depois do primeiro trimestre do ano, a empresa se vangloriou de ter atingido um marco histórico por suas operações terem começado a apresentar fluxo de caixa positivo nos mercados desenvolvidos, como EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

No entanto, ela voltou a sofrer de fluxo de caixa negativo quando sua batalha contra a Lyft se intensificou.

O Uber também acelerou os investimentos em nova tecnologia e outras iniciativas, o que aumentou o prejuízo.

As despesas incluem o lançamento de seu primeiro serviço experimental com carros autoguiados, na cidade norte-americana de Pittsburgh, um investimento em um serviço de mapas para concorrer com o Google Maps, e a expansão de seu serviço de entrega de comida UberEats.

A receita líquida da companhia (o montante que recebe das tarifas pagas pelos passageiros), porém, continua a crescer fortemente, atingindo US$ 1,7 bilhão entre julho e setembro, ante US$ 1 bilhão nos primeiros três meses deste ano.

O fato de que o Uber abandonou sua prática anterior e anunciou que havia começado a registrar fluxo de caixa positivo nos mercados mais maduros foi visto como sinal de que a empresa estava entrando em uma nova fase, na qual a corrida por crescimento dos estágios precedentes começaria a gerar resultados.

Os números do terceiro trimestre, por outro lado, demonstram que a competição por fatia de mercado continua feroz e a empresa ainda está bem longe de registrar lucratividade sustentada, mesmo depois de abandonar a mais deficitária de suas operações, na China.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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