Folha de S. Paulo


Acordo da Opep com não-membros pode levar a nova alta do petróleo

Petrobrás/Divulgação
Países acertam com a Opep que vão cortar produção de petróleo em 2017
Países acertam com a Opep que vão cortar produção de petróleo em 2017

A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) conseguiu convencer 11 países produtores que não fazem parte do cartel a cortar sua produção de petróleo a partir de janeiro de 2017.

Com o acordo, cuja negociação durou um ano, os países que não pertencem ao grupo deverão reduzir sua produção em 558 mil barris por dia —o equivalente a um quinto da produção brasileira atual.

O anúncio foi feito uma semana depois de a Opep anunciar um corte de sua produção em 1,2 milhão de barris por dia também a partir de 1º de janeiro, para um teto de 32,5 milhões de barris por dia.

Os três maiores produtores mundiais —Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos— responderão por 60% do corte. O pacto tem prazo de seis meses e pode ser renovado depois disso.

Ao reduzir a oferta de petróleo no mundo, os grandes produtores tentam forçar um aumento do preço do produto no mercado internacional.

O acordo pode ajudar a indústria a se recuperar de sua mais longa desaceleração em uma geração, que prejudicou preços das ações das empresas petroleiras e fez alguns dos grandes produtores afundar em crises econômicas.

No início do ano, o preço do barril de petróleo no mercado internacional caiu abaixo de US$ 30, menor nível desde 2003. Desde então, os preços do produto se recuperaram, mas em ritmo considerado insuficiente pela Opep.

O barril de petróleo de tipo Brent, negociado em Londres, fechou cotado a US$ 54,33 na última sexta (9), registrando alta de 95% desde 20 de janeiro, quando chegou à mínima de US$ 27,88. O petróleo de tipo WTI, de Nova York, encerrou a semana a US$ 51,50, com valorização de 97% desde fevereiro.

GASOLINA

O aumento do preço do petróleo deverá ter impacto direto para os consumidores no Brasil, onde a Petrobras adotou neste ano uma nova política para fixar os preços dos combustíveis derivados de petróleo em suas refinarias.

A estatal brasileira decidiu repassar para o mercado interno os preços do mercado internacional, que podem ajudá-la a melhorar sua combalida situação financeira.

Desde outubro, quando a nova política foi anunciada, a Petrobras reduziu duas vezes os preços nas suas refinarias, mas na semana passada ela decidiu aumentá-los, logo depois do acordo da Opep.

A estatal registrou prejuízo de R$ 16,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, por causa da reavaliação de vários ativos e investimentos, incluindo projetos paralisados após a descoberta do vasto esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato.


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