Folha de S. Paulo


Membros e não-membros da Opep chegam a 1º acordo global desde 2001

Darren Whiteside/REUTERS
Membros da Opep e países que não pertencem à organização anunciam corte na produção de petróleo
Membros da Opep e países que não pertencem à organização anunciam corte na produção de petróleo

Membros da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e países que não pertencem ao cartel informaram neste sábado (10) que fecharam o primeiro acordo para cortar a produção de petróleo desde 2001.

O anúncio acontece após um ano de negociações entre os membros da Opep e os países de fora da organização, liderados pela Rússia.

O foco do mercado agora muda para o cumprimento do acordo na prática. A Opep tem um longo histórico de fraudes em cotas de produção. O fato de Nigéria e Líbia ficarem isentos do acordo devido a conflitos civis que afetam a produção deve pressionar ainda mais a líder da Opep, a Arábia Saudita, a arcar com a maior parte das reduções de oferta.

A Rússia, que 15 anos atrás não cumpriu a promessa de cortar a produção em conjunto com a Opep, deve, desta vez, apresentar reduções reais na produção. Mas especialistas questionam se alguns produtores não-membros da Opep estão tentados a apresentar um declínio natural na produção como forma de contribuição para o acordo.

"O acordo consagra e nos prepara para cooperação de longo prazo", afirmou o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, após o encontro. Ele classificou o pacto de "histórico".

O ministro de Energia russo, Alexander Novak, disse que o acordo deste sábado vai acelerar a estabilização do mercado de petróleo, diminuir a volatilidade e atrair novos investimentos.

Neste sábado, os produtores que não pertencem ao cartel de 13 países da Opep concordaram em cortar a produção em 558 mil barris por dia, abaixo da meta inicial de reduzir em 600 mil barris por dia. Só a Rússia vai cortar 300 mil barris por dia.

"Comparado a dois meses atrás quando as expectativas pelo acordo estavam esmaecendo rapidamente, esta é uma grande reviravolta", disse Amrita Sen, da consultoria Energy Aspects. "Os céticos irão cobrar o cumprimento do acordo, mas o simbolismo nesse ato não pode ser subestimado."

Na semana passada, a Opep concordou em reduzir a produção em 1,2 milhão de barris por dia a partir de 1º de janeiro, com o maior exportador do mundo, a Arábia Saudita, aceitando cortar 486 mil barris por dia.

Gary Ross, veterano observador da Opep e fundador da consultoria Pira Energy, disse que a Opep deve mirar um preço de US$ 60 por barril, já que um valor acima disso poderia estimular a produção de rivais.


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