Folha de S. Paulo


Fundos de investimentos entram na disputa para controlar a Oi

Silvia Zamboni/Folhapress
Oi deve mais de R$ 20 bilhões para Anatel, diz agência reguladora
Fundos de investimento demonstram interesse em comprar a operadora Oi

Três fundos de investimento procuraram a Oi para manifestar interesse em comprar a operadora, que está em recuperação judicial com uma dívida de R$ 65,4 bilhões. O governo, no entanto, quer uma empresa de telefonia no comando da tele e trabalha nos bastidores para que isso aconteça até janeiro de 2017.

Na última semana, a companhia foi procurada por representantes dos gestores Elliot (EUA), Cerberus (EUA), e G5 Evercore (Brasil e EUA).

Oi pede recuperação judicial
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No Ministério das Comunicações e na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), estiveram representantes do Elliot, do Cerberus, do Digital Capital (Suíça) e do Attestor (Reino Unido), além do bilionário egípcio Naguib Sawiris, único que é operador.

Todos impuseram condições para entrar no negócio. Uma das principais é a aprovação pelo Congresso do projeto de lei que muda o marco regulatório do setor, transformando contratos de concessão de telefonia fixa em autorizações. Essa mudança pode diminuir os custos dos investimentos para as empresas.

Os interessados também querem que a Anatel transforme parte das multas cobradas da Oi (R$ 20,4 bilhões) em compromissos de investimento, algo que está sendo discutido numa arbitragem.

As propostas também não avançam sem que os descontos da dívida de R$ 65,4 bilhões apresentados no plano de recuperação judicial sejam aprovados pelos credores.

Pessoas que participam dessas conversas afirmam que, cumpridas as exigências, três fundos pretendem fazer ofertas pela empresa, G5 Evercore, Elliot e Cerberus.

Um representante do G5, Corrado Varoli, esteve com o presidente da Oi, Marco Schroeder, nesta semana. Disse que o fundo estuda enviar uma proposta, mas não citou valores. A G5 já representa credores estrangeiros da Oi que compraram títulos emitidos pela empresa no exterior.

O Elliot é o fundo que foi à Justiça nos EUA contra o governo argentino quando Cristina Kirchner deu calote no pagamento de sua dívida. Nas visitas à Oi e ao governo, seus representantes dizem que pretendem colocar até R$ 10 bilhões na companhia.

Representante do americano Cerberus, Ricardo Knoelpfemacher disse que o fundo pretende investir cerca de US$ 2 bilhões. Conhecido no setor como Ricardo K, ele já foi presidente da Brasil Telecom antes de a operadora ser adquirida pela Oi, em 2008.

Embora ele tenha a simpatia do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações), o governo não vê com otimismo o interesse desses fundos.

Também não acredita que egípcio Sawiris tenha fôlego para realizar investimentos de longo prazo. O bilionário promete apresentar uma oferta em duas semanas e já avisou que pedirá mais de 15 anos de prazo para pagar os credores.

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Quem é quem na disputa pela Oi

Cerberus Capital Management
Um dos fundos mais robustos dos EUA, está procurando investimentos "promissores" a longo prazo no Brasil. O Cerberus administra US$ 25 bilhões em investimentos de "risco" e, recentemente, mostrou interesse em comprar a Recovery, empresa especializada na compra de créditos de difícil recuperação, que foi vendida pelo BTG Pactual no final de 2015. No Brasil, conta com Ricardo K como sócio. "K", como é conhecido no setor, foi presidente da Brasil Telecom antes de sua fusão com a Oi.

Paul Singer e a Elliott Management
O bilionário americano é dono da gestora Elliott, que investe na compra de participações em empresas com dificuldade para recuperá-las e vendê-las depois. Também aplicam em títulos de dívida de governos. Recentemente, a Elliott ficou conhecida por ter comprado títulos da dívida da Argentina e, com o calote dado pelo governo, deu início a uma disputa judicial nos EUA. O caso foi resolvido com a posse do presidente Macri, que fez acordo de pagamento. A gestora tem mais de US$ 28 bilhões em investimentos em todos os continentes.

Nelson Tanure e fundos ligados a ele
Dono do grupo Docas, o empresário é um dos cotistas do fundo Societè Mondiale, que tem 8,32% da Oi. Também conta com o apoio de outros fundos de investimento com ações da Oi. Juntos, segundo representantes de Tanure, eles teriam cerca de 20% da tele. Conhecido por comprar empresas à beira da falência para obter lucros com sua venda depois, Tanure já comprou a Intelig (concorrente da Embratel) e a vendeu para a TIM. Também entrou no ramo de mídia ao ter comprado os jornais "Gazeta Mercantil" e "Jornal do Brasil", ambos falidos.

Naguib Sawiris
O bilionário egípcio é herdeiro de uma família que fez fortuna na construção civil na década de 1970, mas Sawiris liderou a diversificação dos negócios. O empresário cuida do braço de telecomunicações, a Global Telecom, formada pela fusão da Orascon, de sua família, com a companhia russa Vimpelcom. Sua fortuna pessoal é estimada em US$ 2,5 bilhões, segundo a "Forbes".

G5, de Corrado Varoli
A G5 Advisors, sócia da norte-americana Evercore Partners Inc. no país, é um butique de investimentos que faz captações principalmente por meio de fundos de private equity (que investem em participações de empresas). Sempre atuou na assessoria financeira de fusões e aquisições e, recentemente, representou um grupo de credores estrangeiros que compraram títulos da Oi.

Attestor Capital
Fundo de investimento britânico que também representa investidores estrangeiros que compraram títulos (bonds) da Oi no exterior.


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