Folha de S. Paulo


Petrobras aprova venda da Liquigás para a Ultragaz por R$ 2,8 bilhões

A Petrobras fechou a venda da distribuidora de gás de cozinha Liquigás para o grupo Ultra por R$ 2,8 bilhões. O anúncio foi feito nesta quinta (17) pelas companhias.

A operação faz parte do chamado "plano de desinvestimentos" da petroleira, que tem como objetivo reduzir seu endividamento. A meta da companhia é se desfazer de US$ 34,6 bilhões em ativos até 2019 – cerca de R$ 118 bilhões pela cotação atual.

Com a venda da Liquigás, a arrecadação total com o plano chega perto de US$ 11 bilhões, informou a gerente-executiva de desinvestimentos, Anelise Lara Quintão. É o equivalente a pouco mais de 70% da meta de vendas para o período de 2015 e 2016.

Os recursos dessa operação, porém, só devem entrar no caixa no fim de 2017, prazo esperado para o fim da análise do negócio pelo órgão de defesa da concorrência, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

POTÊNCIA

Com a compra da subsidiária da Petrobras, o Grupo Ultra passará a dominar 45% das vendas brasileiras de GLP (gás liquefeito de petróleo), popularmente conhecido como gás de cozinha. Por essa razão, a operação, que já era esperada, recebe críticas de revendedores do combustível.

Se o negócio for aprovado pelo Cade sem restrições, o mercado brasileiro ficará concentrado em apenas três empresas. Além da Ultragaz, há a Supergasbrás e a Nacional Gás Butano –cada uma detém 20% das vendas.

Diante desse cenário, o contrato de venda fechado com o Ultra repassa ao grupo privado os riscos por quaisquer medidas recomendadas pelo órgão antitruste. Para preservar a concorrência, o Cade pode exigir, por exemplo, a venda de algumas unidades ou a restrição de atuação em algumas áreas.

"A responsabilidade por resolver problemas relativos à questão concorrencial é do Ultra", afirmou Quintão.

Participação nas vendas de gás de cozinha, em % - Fusão entre Ultragaz e Liquigás pode abocanhar 45% do mercado nacional

SAÍDA

A petroleira já havia declarado sua intenção de deixar por completo a atividade de distribuição de GLP. O plano é se tornar uma empresa mais enxuta e se concentrar no segmento de exploração e produção de óleo e gás.

Além da Liquigás, estão à venda a participação da Petrobras na petroquímica Braskem –onde é sócia da Odebrecht–, em refinarias de petróleo e em unidades de produção de etanol, entre outros empreendimentos.

Em setembro, a Petrobras já havia anunciado um acordo com a canadense Brookfield para a venda da malha de gasodutos do Sudeste por US$ 5,19 bilhões, o que sozinho representava 35% da meta do plano de vendas para 2015 e 2016.

Diferentemente da venda da Liquigás, a expectativa da empresa é que ao menos a primeira parcela dos recursos provenientes da venda da rede de gasodutos –US$ 4,34 bilhões– entre no seu caixa ainda neste ano.
Os US$ 850 milhões restantes serão pagos pela Brookfield em cinco anos.


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