Folha de S. Paulo


PDG tem novo prejuízo bilionário e caminha para recuperação judicial

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Torres do Lisse Residence, empreendimento da PDG na Vila Ema, zona leste de São Paulo ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Torres do Lisse Residence, empreendimento da PDG na Vila Ema, zona leste de São Paulo

Endividada e com prejuízo próximo de R$ 2,9 bilhões neste ano, a incorporadora PDG caminha para recuperação judicial, afirmam executivos envolvidos na administração.

A empresa, que chegou a ser a incorporadora mais valiosa da Bolsa brasileira, registrou prejuízo de R$ 1,7 bilhão no terceiro trimestre, quase quatro vezes o registrado no mesmo período do ano passado. Há poucos recursos em caixa e necessidade de renegociação com credores.

A situação é tão grave que a KPMG, contratada para auditar as contas da incorporadora, recusou-se a assinar o último balanço, divulgado na noite de segunda-feira (14).

Segundo a auditoria, a PDG apresenta prejuízos recorrentes, o que resultou, ao final de setembro, em patrimônio negativo de R$ 838,5 milhões.

Na avaliação da KPMG, há "incerteza significativa que pode levantar dúvida relevante" sobre a capacidade da empresa de honrar seus compromissos. Em outras palavras, os auditores temem que a empresa acabe quebrando.

Segundo a PDG, as informações estão de acordo com as normas contábeis. A recusa dos auditores deve-se a dúvidas sobre o novo plano de reestruturação da empresa.

MUDANÇAS

Nas últimas semanas, a incorporadora passou por uma troca completa de comando e o conselho de administração foi inteiramente reformulado.

As mudanças são reflexo da chegada da RK Partners, de Ricardo Knoepfelmacher.

A consultoria foi contratada para buscar uma solução para a companhia, que tem dívida bilionária e enfrenta queda nas vendas de imóveis e sucessivos prejuízos.

Especialista em reestruturação de empresas, Ricardo K, como é conhecido, foi responsável pela renegociação de dívidas da EBX, de Eike Batista.

INCORPORADORAS EM CRISE - Empresas sofrem com baixa do mercado imobiliário

A provável recuperação judicial da PDG afetará especialmente Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Itaú, que detém cerca de 70% da dívida total da empresa, hoje de R$ 6 bilhões. A cifra inclui o valor necessário para terminar os projetos em curso.

A avaliação inicial é que, além de dar descontos no crédito, os bancos terão que dar um prazo de carência para o pagamento e ainda colocar mais dinheiro na PDG. Do jeito que a situação está hoje, não há como terminar todas as obras. Há 30 projetos em construção, incluindo dois do Minha Casa, Minha Vida.

Os atuais mutuários, bem como os clientes que desistiram dos contratos e cobram valores da PDG na Justiça, devem ser incluídos na lista de credores no caso de recuperação judicial. O plano de reestruturação, contudo, deve prever a conclusão dos projetos.

No ano passado, já com problemas, a PDG anunciara a contratação do banco Rothschild para reestruturar sua dívida. Um acordo com os bancos foi fechado e a empresa cortou custos e se desfez de projetos. Com a recessão prolongada, os esforços se revelaram insuficientes.

De janeiro a setembro deste ano, foram quase R$ 1 bilhão em desistências de compradores que haviam financiado imóveis, os chamados distratos. Com isso, as vendas líquidas, que excluem as desistências, ficaram em R$ 170 milhões, valor 64% inferior ao do mesmo período do ano passado.


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