As incertezas em relação à eleição presidencial americana prosseguiram nesta quinta-feira (3), a cinco dias da realização do pleito, e pressionaram as Bolsas mundiais para baixo mais uma vez. Já o dólar se enfraqueceu frente à maior parte das moedas.
Pela manhã, os índices acionários ensaiaram uma recuperação depois que duas pesquisas de intenção de voto mostraram a democrata Hillary Clinton à frente do republicano Donald Trump.
Os investidores temem uma eventual vitória de Trump, considerado por muitos analistas protecionista e radical.
Na sequência, porém, outras sondagens indicaram empate ou liderança de Trump, azedando novamente o humor dos investidores. Resultados corporativos também pesaram sobre os índices acionários, assim como a queda do petróleo pelo quinto pregão consecutivo.
No Brasil, depois do recuo de 2,46% na terça-feira (1), o Ibovespa caiu 2,49%, aos 61.750,17 pontos, na pior queda percentual desde 13 de setembro (-3,01%). O giro financeiro foi de R$ 8,9 bilhões.
"O índice seguiu o cenário externo negativo, e também se ajustou ao fato de não ter operado na quarta-feira (2), quando os mercados lá fora caíram", explica João Pedro Brugger Martins, analista da Leme Investimentos. Ele acrescenta que o Ibovespa subiu muito até outubro e, sem motivos para novas altas, investidores aproveitam para vender ações e embolsar os ganhos recentes.
No setor financeiro, Itaú Unibanco perdeu 2,14%; Bradesco PN, -2,37%; Bradesco ON, -2,03%; Banco do Brasil ON, -4,76%; BM&FBovespa ON, -2,90%; e BB Seguridade, -4,21%.
Afetadas pelo recuo do petróleo, as ações da Petrobras caíram 4,32%, a R$ 16,13 (PN), e 4,23%, a R$ 17,17 (ON). Os papéis da Vale termiinaram em baixa de 1,54%, a R$ 20,45 (PNA), e 1,52%, a R$ 21,96 (ON).
Em Nova York, o índice S&P 500 fechou com recuo de 0,44%. Foi a oitava queda seguida do índice, na sequência de perdas mais longa desde a crise financeira de 2008. O índice Dow Jones caiu 0,16%; e o Nasdaq, -0,92%. Também pesou a queda de 5,68% das ações do Facebook, após a companhia alertar que o crescimento de sua receita vai desacelerar neste trimestre.
A maioria das Bolsas europeias também recuou.
CÂMBIO E JUROS
O dólar se desvalorizou frente à maior parte das moedas, inclusive ante o real. O peso mexicano liderou o ranking de ganhos, após pesquisas mostrarem Hillary Clinton à frente na corrida presidencial americana.
A libra também teve forte alta, reagindo ao banco central britânico, que descartou nesta quinta-feira (3) os planos de cortar a taxa de juros.
Além disso, a Justiça britânica decidiu que cabe ao Parlamento, e não ao governo, dar início ao "brexit", como ficou conhecida a saída do Reino Unido da União Europeia. A sentença pode atrasar o processo de separação.
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Depois da forte alta de 1,63% na terça-feira (1), o dólar comercial fechou em baixa de 0,15%, a R$ 3,2360.
Para Jefferson Rugik, diretor de câmbio da Correparti Corretora, o fato de o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) ter mantido o atual patamar dos juros nesta quarta-feira (2), conforme esperado, contribuiu para o enfraquecimento da moeda americana, embora tenham aumentado as chances de uma alta em dezembro.
Pela manhã, o Banco Central leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 250 milhões.
No mercado de juros futuros, as taxas de curto prazo caíram, acompanhando o dólar, enquanto as de longo prazo subiram, refletindo as incertezas no cenário externo.
O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia 0,27%, aos 288,414 pontos.