Folha de S. Paulo


Em plena crise, Brasil vive explosão em lançamento de carro

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Jeep Compass 2017 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Jeep Compass 2017, um dos lançamentos no Brasil

Enquanto a Fiat apresenta nova versão da picape Toro, a BMW inicia a montagem local do utilitário de luxo X4.

Ao mesmo tempo, a Ford dá início às vendas do Fusion Hybrid 2017, a Chevrolet apresenta a sexta geração do Camaro e a Jeep enche sua rede com o Compass. Todos lançados em um intervalo de 20 dias, dentro de um mercado que acumula queda de vendas superior a 20% no ano.

De janeiro a outubro, a indústria automobilística apresentou cerca de 90 veículos entre renovações, mudanças de geração e início de produção nacional. Há mais por vir: na próxima semana, veículos que chegam às lojas ainda neste ano serão exibidos no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo.

A explosão de lançamentos se deve à recente onda de localização de produtos, estimuladas por restrições aos importados que levaram ao programa de incentivo Inovar-Auto.

MAIS FÁBRICAS, MENOS CARROS - Vendas de automóveis* entre janeiro e outubro, em milhões de unidades

A Anfavea (associação nacional das montadoras) calcula que os investimentos entre 2012 e 2018 chegarão a R$ 85 bilhões para atender às regras atuais.

O que não se esperava era a queda abrupta das vendas no meio do caminho.

"Às vezes é complicado explicar na Europa o que se passa no Brasil, quase ninguém entende a volatilidade e as regras específicas", diz Carlos Gomes, presidente do grupo PSA Peugeot Citroën na América Latina.

Contudo, o executivo mantém a crença de que o mercado irá se recuperar: "Fizemos ajustes e estamos satisfeitos com nossas operações brasileiras e na América Latina".

DE NOVO

O que acontece agora é semelhante ao movimento ocorrido na segunda metade dos anos 1990: um grande número de montadoras construiu fábricas ao mesmo tempo (Honda, Renault, PSA Peugeot Citroën e Mercedes entre as principais), com benefícios em forma de isenções de impostos, acesso à crédito e recebimento de terrenos.

Contudo, os primeiros anos de produção coincidiram com as crises da Ásia e da Rússia. Os juros dispararam no Brasil e travaram o setor automotivo.

Hoje, o problema é maior. Com mais marcas produzindo no país e forte retração nas vendas, há ociosidade nas linhas de montagem. Os sinais de recuperação são mais políticos que econômicos, pois o segundo semestre já está no fim e a esperada recuperação nas vendas não veio.

"Eu tive a sorte de estar envolvido na crise de 2008 nos EUA. Se você perguntasse na época se haveria recuperação, não encontraríamos muitos otimistas. Sete anos depois, aquele mercado está totalmente recuperado. Temos que ter paciência aqui no Brasil, acompanhar o desenvolvimento do país", disse à Folha Sergio Marchionne, presidente mundial do grupo FCA Fiat Chrysler.

Para Marchionne, um dos caminhos da recuperação passa pelo aumento da exportação, com menos medidas protecionistas: "Nos EUA, as vendas subiram, mas a capacidade de produção encolheu. É uma oportunidade. O país precisa se abrir para o mundo ou vai pagar um preço alto".


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