Folha de S. Paulo


Gawker chega a acordo com Hulk Hogan e deve pagar US$ 31 milhões

Steve Nesius - 9.mar.2016/Associated Press
Ex-lutador Hulk Hogan venceu processo contra site Gawker após divulgação de vídeo de sexo
Ex-lutador Hulk Hogan entrou com processo contra o site Gawker após divulgação de vídeo de sexo

A Gawker Media, que foi levada à concordata por um processo judicial movido por Hulk Hogan, chegou a um acordo com o famoso lutador de luta livre, pondo fim à batalha judicial que vinha sendo financiada, em nome de Hogan, pelo bilionário investidor Peter Thiel, do Vale do Silício.

"Depois de quatro anos de litígio bancados por um bilionário que há ainda mais tempo tem birra da empresa, chegamos a um acordo", escreveu Nick Denton, o fundador da Gawker, em um post de blog. "A saga acabou".

Thiel, cuja homossexualidade foi exposta pelo Gawker em 2007, gastou cerca de US$ 10 milhões para ajudar Hogan a processar o site. Ele também financiou outros processos contra Denton e sua empresa.

A Gawker pediu concordata alguns meses atrás quando um júri da Flórida ordenou que ela pagasse indenização de US$ 140 milhões a Hogan, cujo nome verdadeiro é Terry Bollea, depois da divulgação em 2012 de um vídeo que o mostrava fazendo sexo. O Gawker pagará US$ 31 milhões a Hogan, de acordo com reportagens.

O elenco de sites da Gawker, que incluíam o Jezebel e o Deadspin, foi vendido pelo grupo concordatário à Univision Communications, por US$ 135 milhões —excetuado o site principal, o Gawker.com, que fechou as portas.

Os proventos da venda à Univision foram retidos pela Justiça, mas parte do dinheiro foi usada para pagar indenizações a Hogan e duas outras pessoas que processaram o Gawker: Shiva Ayyadurai, que diz ter inventado o e-mail, e a escritora Ashley Terrill.

Denton, antigo jornalista do "Financial Times", se declarou "confiante" de que o tribunal de recursos reverterá ou reduzirá o valor da decisão de primeira instância, e disse que acreditava em vitória nos demais processos.

No entanto, ele escreveu que "uma guerra judicial aberta contra Thiel" teria "custado demais e ferido pessoas demais... não havia um fim em vista".

O processo de Hogan representou uma colisão entre a primeira emenda à constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão e imprensa, e a 14ª emenda, que protege o direito à privacidade.

O caso, e outras questões mais amplas referentes à primeira emenda, se tornaram tema de debate na campanha presidencial de 2016, depois que Donald Trump anunciou planos de reformar as leis sobre difamação e facilitar processos contra a mídia.

Thiel se tornou um dos mais ardorosos partidários de Trump, depois disso, e falou na convenção presidencial do Partido Republicano, no começo do trimestre passado. Ele fundou o serviço de pagamentos online PayPal, é membro do conselho do Facebook e estava entre os fundadores da Palantir, companhia de inteligência artificial e análise de dados do Vale do Silício.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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