Folha de S. Paulo


Recessão fez encolher população ocupada a 89 milhões de pessoas

A recessão encolheu a população ocupada do país em mais de 2 milhões de postos de trabalho no último ano.

De acordo com os dados divulgados nesta quinta (27) pelo IBGE, a população ocupada, tanto em trabalhos formais quanto em atividades informais, recuou 2,4% entre julho e setembro, ante o mesmo período do ano passado, de 92 milhões de pessoas para os atuais 89,8 milhões.

Com isso, a parcela da população brasileira ocupada recuou ao mais baixo patamar em mais de quatro anos –desde o começo de 2012, início da atual pesquisa sobre o mercado trabalho do IBGE.

A fatia é hoje de 54%. No mesmo período do ano, em 2013, antes de o Brasil mergulhar na atual recessão (iniciada no segundo trimestre de 2014), o número era de 57,1%.

O recuo é resultado da retração da atividade econômica. Segundo analistas, também indica que o mercado de trabalho alcançou um novo e preocupante estágio.

Até o fim do ano passado, muitos dos que perderam empregos no setor formal (com carteira) tentaram a sorte em atividades informais. Classificado pelo IBGE como trabalhadores por conta própria, esse contingente subiu 5,3% em 2015 e conteve a aceleração dos desempregados.

Neste ano, com o prolongamento da crise, o quadro é de destruição até de ocupações informais. O "conta própria" caiu 1,7% no trimestre ante o mesmo período de 2015.

Taxa de desocupação - Por trimestre móvel, em %

Rendimento médio real - Habitualmente recebido em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas, por trimestre móvel, em R$

"Antes, um chefe de família que perdeu o emprego fazia com que o filho passasse a procurar emprego para repor a renda. E ele passou a vender coxinhas, por exemplo. Agora, nem coxinhas mais está conseguindo vender", diz Cimar Azeredo, do IBGE.

"O quadro antes era de substituição do emprego, agora é de eliminação", diz o analista Fernando de Holanda Barbosa Filho, da FGV.

Este quadro pode ter resultado no desânimo em buscar nova ocupação. O IBGE verificou que 507 mil pessoas deixaram a força de trabalho entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano. Ou seja, não estão ocupadas tampouco procuraram emprego.

Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, observa que a aparente limitação de atividades informais em absorver mão de obra pode fazer o desemprego subir mais.

A taxa agora está em 11,8%, idêntico ao patamar do fechamento de agosto, e pouco superior ao do segundo trimestre do ano (abril a junho), 11,3%. Desde o início da recessão, a taxa de desemprego subiu de 6,8% para 11,8%.

"O mercado de trabalho não estabilizou e, mesmo a retomada da economia, ainda não vimos sinais de que já esteja ocorrendo", diz Eduardo Zylberstajn, da Fipe.


Endereço da página:

Links no texto: