Folha de S. Paulo


Corte de custos e logística afiada garantem mercado para a Vale

A cerca de 50 quilômetros do pequeno município de Canaã dos Carajás (PA), pás e empilhadeiras trabalham em ritmo acelerado. Em janeiro, será feito o primeiro embarque do minério de S11D, como foi batizada a nova mina da Vale. O projeto, que consumiu quase US$ 15 bilhões, incrementará em 30% a produção.

Com isso, a maior produtora de minério de ferro do mundo aumentará seu poder de fogo no mercado chinês, de longe o mais importante.

A favor da Vale nesta disputa está a qualidade de suas minas. Não há minério mais rico que o da região de Carajás. Por ter maior teor de ferro, a empresa consegue um "prêmio" na hora da venda.

Contra a Vale está a distância. Enquanto seu minério leva 45 dias para chegar à China, o de seus principais crivais demora só 15 dias, vindos dos portos australianos.

Vale - Maior produtora de minério de ferro do mundo, é a principal exportadora do país

Por isso, para se tornar uma empresa global, a Vale precisou investir pesado em logística e baratear ao máximo seu custo de transporte. Mantém hoje três ferrovias e quatro portos, que escoam a produção de suas 22 minas.

Rafael Andrade/Folhapress
SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRASIL, 04-04-2011: Operários trabalham na construção do píer que será acesso dos novos terminais do porto de Ponta da Madeira, em São Luís (Maranhão), através do qual a mineradora Vale escoará parte da produção de minério de ferro que vem da mina de Carajás, no Pará. (Foto: Rafael Andrade/Folhapress, 1578, MERCADO)
Terminal do porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), onde Vale escoará parte da produção

Nos últimos anos, com a queda abrupta do preço do minério, o esforço para corte de gastos foi intensificado. Em 2012, as despesas eram de R$ 6,9 bilhões. Em 2015, caíram para R$ 1,9 bilhão. "Nossa qualidade é superior. E o custo, equivalente", diz o diretor de relações com investidores, André Figueiredo.

O minério da Vale chega à China ao custo de US$ 28,5 por tonelada. O das concorrentes está entre US$ 27 e US$ 30. A meta da brasileira é chegar a US$ 25. "Vivemos a nova normalidade. Temos de nos adaptar e sermos competitivos em qualquer cenário de preço", afirma Figueiredo.


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