Folha de S. Paulo


Vale reverte o prejuízo e tem lucro de R$ 1,842 bilhão no 3º trimestre

Lunae Parracho - 3.jul.15/Reuters
Mina de exploração de minério de ferro da Vale no parque dos Carajás, em Parauapebas, no Pará
Mina de exploração de minério de ferro da Vale no parque dos Carajás, em Parauapebas, no Pará

Com a melhora nos preços do minério de ferro e recordes de produção, a mineradora Vale teve lucro líquido de R$ 1,842 bilhão no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 6,663 bilhões no mesmo período de 2015, quando sofreu forte impacto da desvalorização cambial.

No acumulado de 2016, o lucro líquido da companhia soma R$ 11,833 bilhões, ante prejuízo de R$ 11,779 bilhões nos nove primeiros meses de 2015.

O resultado líquido, no entanto, caiu 48,6% na comparação com o segundo trimestre. A mineradora atribui essa queda principalmente a variações cambiais, de acordo com relatório da empresa.

Em teleconferência para anunciar o resultado, o presidente da companhia, Murilo Ferreira, disse ter "orgulho de informar que tivemos outro trimestre de muito boa performance operacional de financeira".

O balanço foi divulgado poucos dias antes de a tragédia de Mariana (MG) completar um ano.

Na ocasião, 40 bilhões de litros de lama mataram 19 pessoas e se espalharam por 650 km na cidade. Ainda hoje o rejeito de minério não removido pela mineradora Samarco, de propriedade da Vale e BHP Billiton, pode agravar o desastre.

No terceiro trimestre de 2016, a empresa bateu novo recorde na produção de minério de ferro, com 92,1 milhões de toneladas.

Os preços de referência do minério produzido pela Vale subiram 9,46% no trimestre, em comparação com o mesmo período de 2015, passando de US$ 46,5 para US$ 50,9 por tonelada.

Para os próximos trimestres, a companhia acredita em manutenção dos preços em patamares mais altos, diante das perspectivas de aumento do consumo do aço, informou o diretor de metais ferrosos Peter Poppinga.

A empresa informou, porém, que manterá esforços para cortar os custos de produção de minério, com a meta de atingir US$ 25 por tonelada –no terceiro trimestre, foram US$ 28 por tonelada, considerando o valor que viabiliza a produção para entrega na China, seu maior cliente.

A receita da Vale no terceiro trimestre de 2016 foi de R$ 23,772 bilhões, alta de 2% ante o mesmo período do ano passado.

Tragédia em Mariana (MG)
Reparação após tragédia no rio Doce cria conflitos e opõe vítimas a mineradora

A geração de caixa medida pelo indicador Ebitda, que mede o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, somou R$ 9,829 bilhões no terceiro trimestre, ante R$ 6,816 bilhões no mesmo período do ano passado.

A dívida líquida da companhia caiu US$ 1,543 bilhão na comparação com o segundo trimestre, para US$ 25,965 bilhões, mas ainda está acima dos US$ 24,213 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.
A empresa vem trabalhando em um plano de venda de ativos, com o objetivo de reduzir seu endividamento.

Segundo Ferreira, o foco neste momento são as atividades de carvão em Moçambique e as operações de fertilizantes no país.

Para o primeiro, a companhia já anunciou venda de participação à japonesa Mistui, em operação que pode render US$ 768 milhões.

No segundo caso, procura um parceiro estratégico para melhorar as operações no segmento, que vem apresentando boas perspectivas diante do aumento de preços.

O presidente da Vale disse aos analistas que, apesar do bom resultado no acumulado do ano, ainda é cedo para falar em dividendos, mas que espera priorizar os investidores quando voltar a distribuir.

"A prioridade [agora] é redução de dívida e estabelecer nova política de dividendos", comentou, criticando gestões anteriores que privilegiaram os investimentos no momento de preços altos.

"Se a Vale tivesse devolvido mais dinheiro para seus acionistas na época do superciclo [do minério], poderia não ter feito alguns negócios que depois se mostraram ineficientes e com retorno negativo."


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