Folha de S. Paulo


Governo vê condições de consistente queda da taxa básica de juros

Com a ressalva de que a decisão é do Banco Central, o Palácio do Planalto avalia que já existem as condições para o início de um novo ciclo "consistente" de queda da taxa básica de juros, hoje em 14,25% ao ano.

Interlocutores do presidente Michel Temer dizem que começar a flexibilização da política monetária já é importante para assegurar a retomada do crescimento da economia no final do ano. Sem isso, o risco é adiar este processo e reduzir o potencial de crescimento em 2017, estimado pela governo em 1,6%.

A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) está marcada para semana que vem, penúltimo encontro do ano do colegiado do BC que define os juros. A última será em novembro.

Assessores presidenciais fazem questão de afirmar que o BC fará o que "for melhor" para a economia, mas acreditam que a queda da inflação em setembro e a aprovação do teto dos gastos público em primeiro turno na Câmara reforçam a tendência de corte da taxa de juros.

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Em relação ao tamanho da possível redução da taxa Selic, a equipe de Temer diz que pode ser de 0,25 ou 0,50 ponto percentual, mas isto não é o mais importante agora.

Segundo auxiliares do presidente, o que mais importa neste momento é o movimento de início de um novo ciclo "consistente e sustentável" dos juros, em condições de ter continuidade em 2017.

A avaliação deles é que o recuo da Selic neste ano será de, no máximo, um ponto percentual (dois cortes de 0,50 ponto). A taxa encerraria o ano em 13,25%. Na pesquisa feita pelo BC com o mercado, as estimativas apontam para dois cortes de 0,25 ponto neste ano. Em 2017, os juros chegariam a 11% ao ano.

Publicamente, a orientação do presidente Temer é que sua equipe não dê declarações defendendo uma queda de juros, como ele mesmo chegou a fazer e, hoje, é classificado como um erro por se tratar de tema delicado.

A orientação é sempre ressaltar que o BC tem autonomia para definir o melhor momento para a queda da Selic.

Em suas últimas declarações, a diretoria do BC indicou que um corte estaria próximo, principalmente se viesse uma sinalização mais concreta de aprovação da proposta que cria o teto dos gastos públicos.


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