Folha de S. Paulo


Correios abrem licitação pelo Banco Postal após desistência do BB

Mateus Bruxel - 14.fev.2011/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 14-02-2011, 15h: Propaganda do Banco Postal em agência dos Correios na rua Haddock Lobo, bairro Cerqueira Cesar. O acordo entre o Bradesco e os Correios pode passar para outro banco, a partir de nova licitação. O novo banco parceiro pode utilizar a estrutura de agências dos Correios para atender seus clientes. (Foto: Mateus Bruxel/Folhapress, MERCADO) ***EXCLUSIVO FOLHA***
Propaganda do Banco Postal em agência dos Correios em São Paulo

O Banco do Brasil desistiu de renovar o contrato do Banco Postal com os Correios, que farão licitação para contratar o novo parceiro para prestar serviço como correspondente bancário.
O Banco Postal tem o objetivo de aumentar a bancarização dos brasileiros, oferecendo serviços financeiros em cidades sem agências bancárias. O atendimento é feito nos postos dos Correios.

O edital para a concorrência que vai escolher o novo operador do banco, que usa as agências dos Correios para prestar serviços bancários, foi publicado nesta quinta-feira (6). A disputa começa em 11 de novembro

Vence quem oferecer o melhor mix entre o valor de cada tarifa de transação, bônus por performance de cada agência e a maior oferta para prestar o serviço, com o mínimo de R$ 1,2 bilhão (pagos 50% agora e 50% em cinco anos) para um contrato de 10 anos, prorrogáveis por igual período.

O banco assumiu o Banco Postal em 2011, após vencer a disputa que teve Bradesco, Caixa e Itaú. À época, o BB pagou R$ 2,3 bilhões pelo Banco Postal, mais R$ 500 milhões pelo uso da rede de 6.000 agências dos Correios. O contrato tinha duração de cinco anos e meio e se encerra em 2 de dezembro. A renovação previa novo pagamento do mesmo valor, corrigido pela taxa básica de juros da economia (hoje 14,25% ao ano).

Segundo os Correios, havia estudos para que o Banco do Brasil e a estatal fizessem uma parceria para criar uma nova instituição financeira. Como o banco desistiu dessa parceria, após dois anos de negociação, os Correios decidiram colocar o serviço do Banco Postal em licitação novamente.

Hoje o Banco Postal gera 34% da receita dos Correios nas agências e 7% da receita total da estatal, afirmou o vice-presidente de rede de agências e varejo dos Correios, Cristiano Morbach.

Em fato relevante divulgado ao mercado, o BB afirmou que analisará sua participação no novo processo de licitação do Banco Postal, a partir das condições estabelecidas.

Em agosto, o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffarelli, demonstrou o menor apetite pelo banco na operação do Banco Postal. Ele confirmou que o banco negociava a renovação do contrato, mas ressaltou que o cenário era diferente do visto em 2011, quando assumiu a operação. Naquele ano, a economia brasileira ainda crescia e havia demanda maior de potenciais clientes que ainda não eram bancarizados.

O vencedor da concorrência do Banco Postal terá seis meses para começar a operar o serviço. Questionado sobre o risco de o Banco Postal ficar fora do ar por um tempo, os Correios confirmaram que há esse risco.

"Poderá haver, por algum tempo, a interrupção da prestação dos serviços financeiros. Entretanto, na hipótese de o atual parceiro não ser selecionado, uma vez que o Banco do Brasil poderá também participar do certame, os Correios e o próprio BB estão trabalhando com soluções alternativas para evitar ou minimizar qualquer lapso temporal entre a transição dos parceiros", disse a estatal.

O primeiro parceiro dos Correios no Banco Postal foi o Bradesco, que ficou no negócio por quase 10 anos. Os correntistas foram levados pelo banco ao fim do contrato.

Quando deixou o Banco Postal, o Bradesco mapeou as regiões mais rentáveis e abriu pequenas agências ou postos de atendimento, lembra Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings. "Isso gerou concorrência nas regiões", diz. Hoje, um novo interessado precisaria enfrentar disputa com dois grandes bancos –Bradesco e Banco do Brasil.

Morbach discorda. Ele afirma que o Bradesco já fechou agências abertas para concorrer com o Banco Postal. Além disso, entende que os postos do Correios representam redução de custos para os parceiros bancários.

"Temos mais de 6 mil pontos de venda instalados e é um contrato só, com os Correios, para administrar", diz o vice-presidente dos Correios.


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