Folha de S. Paulo


Temer apela a empresários para pressionar Congresso e aprovar teto

Em busca de apoio para sua proposta de teto para os gastos públicos, o presidente Michel Temer acertou com empresários um plano para pressionar o Congresso a aprovar a medida e determinou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vá à televisão defender o projeto.

No sábado (1º), véspera do primeiro turno da eleição municipal, Temer reuniu-se com empresários em São Paulo e foi informado de que entidades do setor privado publicarão anúncio nos jornais nos próximos dias defendendo a aprovação do teto de gastos.

Meirelles deverá fazer seu pronunciamento nesta quinta (6), às 20h, em rede nacional de rádio e TV. Ele vai buscar traduzir para a população a necessidade de o governo federal controlar suas contas.

A intenção do ministro é dizer que todos sabem que, quando a crise entra em casa, a família é obrigada a cortar despesas e o mesmo deve acontecer com o governo.

O ministro da Fazenda vai dizer também que a aprovação do teto dos gastos ajudará o país a recuperar sua credibilidade e a confiança dos investidores, o que permitiria a retomada do crescimento e a redução do desemprego.

A primeira versão do anúncio elaborado pelos empresários, apresentada a Temer, recebeu o título de "Teto de gastos é remédio indispensável" e terá a assinatura de entidades de representação empresarial, entre elas as federações das indústrias de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Além do anúncio, empresários também prometem entrar em contato diretamente com deputados para pedir apoio à proposta de emenda constitucional que cria o teto dos gastos públicos federais.

A medida limita o crescimento dos gastos à variação da inflação por um período que pode chegar a 20 anos.

Nas conversas com empresários, Temer afirmou que sua proposta funcionará como "meu Plano Real", porque vai permitir fazer o "ajuste fiscal, combater a inflação e reduzir o desemprego no país".

Ao citar o plano econômico que ajudou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a se eleger em 1994, a intenção de Temer não era se referir à eleição presidencial de 2018, dizem assessores, mas à importância que o Real teve para o sucesso do governo Itamar Franco (1992-1994).

Temer tem dito que não será candidato à reeleição, por considerar que esta possibilidade inviabilizaria a aprovação no Congresso de medidas como o teto dos gastos e a reforma da Previdência.

ALTERNATIVA

Em sua primeira versão, o anúncio dos empresários diz que a "economia brasileira está doente" porque o governo "gasta mais do que arrecada". Segundo eles, isso gerou quebradeira de empresas e 12 milhões de desempregados.

Os empresários dizem que "não há alternativa" para solucionar a crise a não ser impor um limite aos gastos públicos e fazer o que as pessoas e empresas já fazem: "gastar só o que arrecada". O texto termina afirmando que todos devem isso a seus "filhos, netos e à nação brasileira".

O governo quer que a proposta do teto seja votada nesta quinta pela comissão especial da Câmara dos Deputados criada para analisá-la, no mesmo dia em que irá ao ar o pronunciamento de Meirelles.

No domingo (9), Temer planeja reunir cerca de 400 deputados governistas, em jantar no Palácio da Alvorada, para convencê-los a aprovar no dia seguinte, no plenário da Câmara, a emenda constitucional em primeiro turno.

A meta do governo é concluir a votação na Câmara ainda neste mês, dando tempo para que o Senado vote a medida antes do fim do ano.


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