À espera da legislação que tramita no Congresso com o objetivo de legalizar os jogos de azar no Brasil, empresas interessadas estabelecem estratégias para sair na frente caso o mercado se abra.
É o caso da espanhola Codere, que opera cassinos em outros países, mas no Brasil atua apenas no segmento do turfe. A exploração da aposta no turfe por hipódromos ou agências credenciadas é permitida no país pela lei 7.291, de 1984.
Aqui, a companhia já firmou parcerias com jóqueis para prestar serviços como o processamento de apostas e a distribuição delas por meio de internet e telefone.
A estratégia da empresa é fazer crescer e fixar a marca no segmento onde a legislação já permite, para estar com uma participação expressiva quando vierem os concorrentes estrangeiros.
"Estamos olhando imóveis, debatendo com parceiros locais e acompanhando a discussão em Brasília. O desenvolvimento do negócio está bem ativo e tenho dedicado grande parte do meu tempo a isso, para nos posicionarmos bem no caso da eventual regulamentação", afirma André Gelfi, diretor-geral da Codere no Brasil.
As sondagens já começaram no mercado imobiliário, segundo a corretora Valentina Caran, que tem em seu portfólio o imóvel que abrigava o bingo Imperador, um dos maiores de São Paulo antes da proibição para o funcionamento, determinada em 2004. A propriedade tem 3.500 metros quadrados e já se cobrou R$ 300 mil pelo aluguel. Hoje o valor é menor.
"Recebemos propostas de um grupo americano e de um empresário do Paraná, mas ainda não houve negócio."
CAÇA-NÍQUEL
Com base no desempenho de países onde o jogo é regulado, o Instituto Jogo Legal, que defende a causa entre os congressistas, estima que o mercado no Brasil pode alcançar R$ 59 bilhões ao ano.
"Caso siga a tributação mundial, de 30%, se arrecadaria R$ 18 bilhões anualmente em impostos com a regulamentação de todas as modalidades. Isso sem incluir ganhos com outorga, licença, autorização e o investimento na implantação das casa de apostas", calcula Magno José de Sousa, presidente da entidade.