Folha de S. Paulo


Vivo lança aplicativo de séries para celulares com 20 produções

Divulgação
Cena da série
Cena da série "Crime Time: Hora de perigo", produzida para a Vivo

A Vivo lança nessa quarta-feira (28) um aplicativo que dará acesso a seriados produzidos especialmente para celular. O 'Netflix' da operadora é uma parceria com a produtora francesa Studio+ (pronuncia-se Studio plus) e terá, inicialmente, 20 séries no país. Uma delas foi gravada em português no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Baseada em fatos reais, "Crime Time: Hora de perigo" terá o ator Augusto Madeira no papel de Tony Padaratz, um ex-policial de origem humilde que se tornou famoso apresentando programas policiais na TV. Será lançada já com três temporadas de sete episódios. Cada um terá duração média de 12 minutos. A produção foi da Gullane, que assinou filmes como "Bicho de Sete Cabeças", "Carandiru", "Que horas ela volta?", entre outros.

As demais séries do aplicativo da Vivo são estrangeiras com legendas em quatro idiomas (inclusive português). Mas, segundo o vice-presidente de marketing e vendas da operadora, Christian Gebara, outras séries devem ser produzidas no país em breve.

Apesar de o lançamento do serviço ser hoje, os seriados estarão disponíveis a partir de 17 de outubro.

O serviço só vale para clientes da Vivo e, para acessá-lo, é preciso baixar o aplicativo pelo site da operadora ou pelas lojas do Google e da Apple. Quem assinar o Studio+ pagará R$ 3,99 por semana ou R$ 12,90 por mês. A primeira fatura não será cobrada, uma forma de estimular a adesão.

Clientes pré-pago sem conexão à internet poderão usar o aplicativo desde que tenham um aparelho que se conecta à rede wifi. O vídeo será baixado por essa rede e ficará armazenado no celular para ser visto depois offline. Nesse caso, o valor da assinatura será descontado dos créditos do celular. No pós-pago, a assinatura será cobrada na conta.

"O Netflix não tem esse serviço [de wifi]", diz Christian Gebara, vice-presidente executivo de marketing e vendas da Vivo. "Estamos lançando algo inovador. A filmagem é diferente, com tomadas e closes [enquadramentos] totalmente adaptados à tela do celular."

Para o vice-presidente de estratégia digital da Vivo, Ricardo Sanfelice, o serviço é mais uma etapa na estratégia da empresa, que pretende se tornar "totalmente digital".

Hoje, já são cerca de 80 aplicativos que "rodam" sobre a rede de dados (internet) da empresa. "Em 2015, a receita de dados [gerada pelo consumo de internet] foi de R$ 2 bilhões, 15% maior que em 2014", disse Sanfelice.

Quanto mais aplicativos e serviços a empresa lançar, maior o consumo de dados.

Para Gebara, o futuro da internet está no consumo de vídeos. Uma pesquisa da Cisco —gigante americana que vende equipamentos para as redes de internet— indica que o consumo médio de dados no Brasil deve saltar de 112,1 Petabytes, em 2015, para 729,7 Petabytes, em 2020 —o equivalente a 182 DVDs.

"Por isso, lançamos esse serviço", disse Gebara. "Miramos em um público jovem, que consome muito vídeo e que gosta de música."

SHOWS

Para eles, a Vivo também lança outro aplicativo chamado WatchMusic. Os valores das assinaturas são os mesmos do Studio+ e, por ele, o assinante poderá ver em streaming (não é possível baixar o conteúdo) shows, festivais, videoclipes e documentários de artistas nacionais e estrangeiros que constam nos catálogos da Universal Music, Eagle Rock, Som Livre e BBC Music. Entre eles estão Rolling Stones, U2, Justin Bieber e artistas brasileiros como Ivete Sangalo, Luan Santan a Gustavvo Lima.

"A novidade é que, por esse aplicativo, também transmitiremos, periodicamente, shows ao vivo que tenham ingressos esgotados", disse Gebara. "O show de lançamento no Brasil ainda não foi definido."

COMPETIÇÃO

Por lei, as teles não podem entrar no ramo de produção de conteúdo —algo destinado aos radiodifusores. Por isso, os aplicativos estão sendo lançados com os franceses da Vivendi, controladores dos estúdios Universal Music e da Studio+, e responsáveis pela produção.

A parceria abre caminho para que a operadora entre em um mercado hoje dominado por gigantes como Google, Apple e Netflix. Seus aplicativos geram fortunas em receitas e exigem cada vez mais investimentos das teles para suportar o volume de dados consumidores em suas redes.

Há quase uma década, as operadoras travam uma disputa com essas empresas para que possam ter algum tipo de remuneração pelo excesso de tráfego gerados nas redes pelos aplicativos e conteúdos. Sem muito sucesso, agora as teles tentam morder um pedaço desse mercado.


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