Folha de S. Paulo


Setor de cosméticos mira o Oriente Médio para crescer

Avener Prado/Folhapress
Fábrica da empresa de cosméticos Surya Brasil, no bairro Jardim Raposo Tavares, em São Paulo
Fábrica da empresa de cosméticos Surya Brasil, no bairro Jardim Raposo Tavares, em São Paulo

Para elevar o faturamento, o setor brasileiro de cosméticos e produtos de beleza quer aumentar a exportação de seus produtos. E o maior alvo é o mercado asiático, em especial o Oriente Médio.
As vendas para a região cresceram 19,1% em 2015 em relação a 2014.

"Após a Copa e a Olimpíada, a imagem do Brasil está boa. Produtos que têm ligação com a Amazônia, com a natureza, têm boa entrada no exterior", diz Thiago Brandão Farias, do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). "É um bom momento para planejar e buscar essas oportunidades no mercado internacional", completa ele.

Depois de um crescimento médio anual de 11,4% nos últimos 20 anos, o setor nacional de cosméticos e produtos de beleza e higiene teve uma queda em 2015.

Apesar disso, Farias considera que essa ainda é uma das áreas mais promissoras para novos negócios no país devido ao potencial de expansão. "O Brasil está descobrindo o mercado asiático. Lá há uma procura pela qualidade de vida brasileira, a nossa natureza", afirma ele. Ele cita China e Japão como mercados atraentes.

Hoje as vendas estão concentradas na América Latina. Os dez países que mais recebem produtos brasileiros estão na região —e compram 80% de tudo que é exportado pelo setor. A ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) intensificou desde 2014 os esforços da Beautycare Brazil, iniciativa que dá suporte a empresas que queiram exportar.

Diego Padgurschi/Folhapress
Toshihiro Asamura, sócio da Shinsei, no escritório da empresa na zona leste de São Paulo
Toshihiro Asamura, sócio da Shinsei, no escritório da empresa na zona leste de São Paulo

É esse o caso da Shinsei. Em operação desde 2002, a empresa de São Paulo já fez vendas pontuais para Alemanha e Oriente Médio, mas agora pretende estabelecer um fluxo regular e participa da Beautycare.

"Pouco depois de começar a empresa, recebemos uma proposta de fornecer produtos para a Arábia Saudita, mas recusamos porque não iríamos conseguir produzir o necessário" diz Toshihiro Asamura, sócio da empresa ao lado da irmã. "Agora vamos nos preparar melhor para conseguir", define.

O objetivo, diz ele, é que as vendas para fora contrabalancem a queda no mercado nacional e ajudem a aumentar o faturamento, na casa de R$ 500 mil por ano. "É a velha história de não botar tudo na mesma cesta. Exportando, quando aqui estiver ruim e lá fora bom, dá para equilibrar melhor", afirma.

É um processo semelhante pelo que já passou a Surya Brasil. Criada em 1996, a empresa de São Paulo conseguiu aumentar em 70% suas vendas em dólar no ano passado, afirma a sócia e fundadora, Clelia Angelon.
"Desde o início, tínhamos um conceito de ser uma empresa saudável, que não agride o meio ambiente e não testa produtos em animais", afirma ela. "Isso abriu muitas portas lá fora."

PLANEJAMENTO
Para Farias, do Sebrae, começar a exportar envolve uma série de riscos, principalmente para empresas menores. "É necessário adaptar produtos e fazer algum investimento. Então é preciso acertar de primeira, porque não vai haver segunda chance", diz.

Entre o início do planejamento e o começo das vendas no exterior, em geral vão de de seis a 18 meses.

Ele recomenda alguns passos que o empresário deve seguir quando decide vender fora do país. O primeiro é fazer um diagnóstico da empresa dos produtos. A ideia é encontrar qual a melhor mercadoria para a venda e qual o país ideal para começar.

"Em geral, é preciso fazer alguma adaptação, seja na cor, no nome ou na embalagem", afirma Farias. "Em alguns casos, vale a pena procurar um parceiro no país de destino para cuidar da parte comercial."


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