Folha de S. Paulo


Aplicação polêmica também afeta fundo de investimento FI-FGTS

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Casco de sonda de perfuração da Sete Brasil
Casco de sonda de perfuração da Sete Brasil

A política de direcionar recursos dos trabalhadores para investimentos em empresas escolhidas pelo governo nas gestões petistas, que provocou prejuízos bilionários em fundos de pensão, colocou em risco também aplicações feitas pelo FI-FGTS.

O bilionário fundo de investimento em infraestrutura registrou em 2015 uma perda de cerca de R$ 2 bilhões com investimentos na Sete Brasil, empresa citada em duas operações da Polícia Federal: Lava Jato e Greenfield.

Nesse caso, cerca de 90% do prejuízo foi coberto posteriormente pelo governo, que havia oferecido ações do Banco do Brasil como garantia.

A Sete Brasil, criada para fornecer sondas para a Petrobras, entrou em recuperação judicial em abril deste ano.

Na Operação Greenfield, os investigadores contestam aplicações feitas pelos fundos de pensão Funcef (dos funcionários da Caixa) e Petros (Petrobras) por meio do FIP Sondas, um Fundo de Investimento em Participações que possui 95% da Sete.

A Greenfield foi deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal há duas semanas e aponta prejuízo de R$ 8 bilhões em fundos de pensão estatais.

Em 2013, o FI-FGTS investiu R$ 1,85 bilhão na compra de papéis emitidos pela empresa para captar investimentos (debêntures). Colocou ainda cerca de R$ 200 milhões no FIP Sondas, único fundo citado na Greenfield que recebeu recursos do FI.

SOB DESCONFIANÇA - Fundo de investimento do FGTS tem apostas problemáticas. Principais investimentos, em R$ bilhões

DECISÃO TEMERÁRIA

A PF e o MPF têm a avaliação de que as decisões da Petros e da Funcef de aumentar os investimentos nesse FIP "foram claramente temerárias ou mesmo dolosas", pois, já no final de 2011, "era evidente a impossibilidade econômico-financeira de, razoavelmente, justificar qualquer novo aporte de capital".

O FI-FGTS conseguiu reverter a maior parte da perda com a Sete Brasil. Assim como outros credores, sacou as garantias dadas pelo FGCN (Fundo de Garantia para a Construção Naval), abastecido pelo Tesouro Nacional.

A entidade recebeu cerca de R$ 900 milhões em ações do Banco do Brasil, cerca de um terço do valor estimado da aplicação na época. Como os papéis da instituição financeira subiram aproximadamente 70% desde fevereiro, período marcado pela mudança no governo federal, o fundo recuperou 91% do que foi investido.

LAVA JATO

O FI-FGTS tem ainda cerca de 20% das suas aplicações em outras empresas citadas na Lava Jato, valor equivalente a R$ 4,1 bilhões. Principalmente em duas subsidiárias da Odebrecht.

Representantes do fundo afirmam que os investimentos possuem garantias e que a expectativa é que a rentabilidade do dinheiro do trabalhador aplicado nessas e em outras empresas melhore nos próximos trimestres.

O FI-FGTS registrou prejuízo de quase R$ 1 bilhão em 2015, mas voltou ao azul no primeiro semestre deste ano, quando lucrou R$ 1,7 bilhão.


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