Folha de S. Paulo


Oportunidades perdidas podem fazer Brasil se afastar de emergentes

O avanço da renda brasileira nas últimas décadas é considerado tímido. Segundo dados do Banco Mundial, o rendimento per capita do país mais do que dobrou, passando de US$ 4.660, em 1970, para US$ 11.200, em 2015.

No mesmo período, a renda coreana avançou 12 vezes, de US$ 1.960 para US$ 25 mil.

A Coreia do Sul é considerada um país que aproveitou a expansão de sua força de trabalho para aumentar seu potencial de crescimento. Embora o bônus demográfico não seja o único fator capaz de impulsionar a economia, sua contribuição é fundamental.

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"O bônus aumenta o contingente de pessoas disponível para o mercado de trabalho. Mas, se elas não forem bem treinadas, sua contribuição para uma maior produtividade será baixa", diz o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, da FGV.

Embora tenha ampliado o acesso de crianças e adolescentes à escola, o Brasil tem falhado em melhorar a qualidade de sua educação.

O país também tem deixado a desejar, segundo especialistas, em reformas como a adoção de uma idade mínima para a aposentadoria, que ajudaria a financiar o sistema previdenciário quando menos pessoas estiverem ativas.

A idade média de aposentadoria no Brasil foi de 59,4 anos para os homens em 2015. É uma faixa etária considerada baixa, principalmente em um contexto de aumento da expectativa de vida.

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Se não atacar essas questões, o potencial de crescimento do Brasil -hoje considerado um país de renda média alta- tende a cair, segundo especialistas.

Com o avanço relativo de outras nações, como Coreia do Sul, China e Chile, o país empobreceria.

"Temos perdido parte importante do nosso bônus demográfico", diz o economista Jorge Arbache, secretário de assuntos internacionais do Ministério do Planejamento.

Segundo Ana Amélia Camarano, especialista em demografia do Ipea, o deficit crescente da Previdência é uma ameaça para a aposentadoria das novas gerações.

"Se eu fosse jovem, andaria com uma placa em defesa de uma idade mínima de aposentadoria no pescoço", diz.

Cássio Turra, especialista em demografia da UFMG, ressalta que essa medida levaria a uma redefinição do conceito de idoso, ampliando o conceito de idade ativa e contribuindo para prorrogar a duração do bônus demográfico.

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