Folha de S. Paulo


Balança comercial tem superavit de US$ 4,1 bi em agosto e renova recorde no ano

A balança comercial brasileira teve um superavit de US$ 4,14 bilhões em agosto, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (1º) pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Com o resultado do mês passado, o saldo positivo de US$ 32,37 bilhões no acumulado dos oito primeiros meses de 2016 é recorde para o período, de acordo com a série histórica, que começa em 1989.

Antes disso, o maior resultado registrado havia sido em 2006, quando a balança teve superavit de US$ 29,7 bilhões de janeiro a agosto.

Recessão no Brasil
painel da bolsa de valores brasileira

Na comparação mensal, o resultado de agosto é o maior para o mês desde 2006, quando o superavit somou US$ 4,5 bilhões.

O governo espera que a balança comercial encerre 2016 com um superavit de US$ 45 bilhões a US$ 50 bilhões. O Banco Central projeta que o saldo ficará positivo em US$ 50 bilhões. Se isso se confirmar, a balança terá resultado recorde, já que o maior superavit mensal foi de US$ 46,5 bilhões, em 2006.

Em agosto, as exportações somaram US$ 16,99 bilhões, o que representa um crescimento de 0,2% ante o mesmo mês do ano passado e uma queda de 5% na comparação com julho de 2016. As importações somaram US$ 12,85 bilhões no mês passado, o que resultou em queda de 8,3% ante agosto de 2015 e de 0,2% na comparação com julho deste ano.

De janeiro a agosto, tanto as exportações quanto as importações registraram queda na comparação com o mesmo período do ano passado. As vendas externas caíram 4,9% e as compras, 25,5%.

As importações têm caído mais que as exportações. Isso porque a recessão da economia brasileira reduz a demanda por produtos importados. Nesta quarta (31), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a economia brasileira seguiu em recessão no segundo trimestre deste ano. O PIB (Produto Interno Bruto), medida da produção e da renda do país, teve queda de 0,6% no segundo trimestre quando comparado aos três meses anteriores.

RECUPERAÇÃO

Em agosto, o governou identificou melhora no resultado das importações, que pode ser efeito de uma recuperação da economia, segundo o diretor do Departamento de Estatísticas e Apoio à Exportação da Secretaria de Comércio Exterior do Mdic, Herlon Brandão. "Esperamos que seja primeiro sinal de melhora da atividade econômica", afirmou.

Apesar de as importações terem recuado em comparação a agosto de 2015, a queda de 8,3% nesse período foi a menor redução mensal desde novembro de 2014. Em julho, a queda na comparação com o mesmo mês de 2015 foi de 20,3%. "Nos últimos três meses, houve leve melhora na importação. Está melhor que no início do ano", disse Brandão.

Os bens de capital (máquinas e equipamentos), que indicam recuperação dos investimentos, apresentaram a maior queda entre as categorias, de 31% ante agosto de 2015. Segundo Brandão, ainda que a economia se recupere, os efeitos na compra desses produtos devem demorar, já que as fábricas estão com equipamentos parados diante do fraco desempenho econômico. "Como há capacidade ociosa muito grande, primeiro eles vão usar a capacidade instalada", afirmou.

Por outro lado, a importação de bens intermediários teve uma redução bem pequena, de 0,5% na comparação mensal. "Estamos voltando a consumir um pouco mais de bens intermediários", resumiu Brandão. Os bens intermediários são aquele utilizados para produção de outros produtos, como ferramentas para estampar, pneus, motores e insumos industriais.


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