Folha de S. Paulo


Linguagem corporal ajuda investidor a avaliar gestor

Marcos Santos/USP Imagens
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Expressões faciais e estado emocional podem ser decisivos para saber onde aplicar o dinheiro

Investidores que aplicam recursos em hedge funds (fundos de investimento altamente agressivos) têm sido fortemente aconselhados a examinar as expressões faciais e o estado emocional dos gestores desses fundos antes de decidirem onde aplicar seu dinheiro.

Leanne ten Brinke, pós-doutorando na Universidade da Califórnia, e Aimee Kish, chefe de pesquisa da TeamCo (empresa que investe em hedge funds) descobriram que os investidores podem identificar gestores com desempenho mais forte ou aqueles menos propensos a incidentes regulatórios com a análise comportamental.

A pesquisa surge num momento crítico para a indústria de hedge funds, que vem sofrendo com vários anos de desempenho medíocre e desilusão de investidores com taxas de administração crescentes.
Sorrisos falsos e expressões de escárnio podem servir de alerta, segundo os pesquisadores, enquanto uma testa franzida pode indicar determinação.

Um gestor ideal também deve salpicar as conversas com analogias e humor, ilustrando pensamentos abstratos, segundo a pesquisa.

O estudo também sugere que os investidores devem evitar questões já discutidas sobre taxas e transparência e, em vez disso, perguntar sobre antecedentes pessoais do gestor, enquanto observam suas reações não verbais.

Táticas como essas se tornaram familiares a gestores de hedge funds nos últimos anos, embora eles estejam menos habituados a serem analisados. Grandes fundos recrutaram especialistas para ensinar táticas de interrogatório aos seus funcionários e possibilitar que detectem quando a gerência de uma empresa está mentindo.

A indústria de fundos está consultando cada vez mais especialistas de outras áreas, como atletas, da área de segurança e até das forças armadas para ensinar gestores a ganhar vantagem na análise comportamental, tanto para compreender seu próprio desempenho quanto o de empresas onde investem.

Em abril, tornou-se pública a informação de que a gestora de fundos Jupiter, cotada na Bolsa de Londres, havia contratado ex-agentes da CIA para treinar gestores a identificar quando parceiros estão mentindo ou quando os clientes estão desconfortáveis.

Eles foram orientados a prestar atenção a sinais de desconforto, como quando um cliente mexe repetidamente os pés durante uma reunião, ou se alguém leva mais de cinco segundos para responder a uma pergunta.

Tradução de MARIA PAULA AUTRAN


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