Folha de S. Paulo


Hotel de Donald Trump no Rio é aberto ainda em obras

Donald Trump prometeu que abriria seu primeiro hotel na América do Sul a tempo de sediar hóspedes para a Olimpíada do Rio de Janeiro.

O empresário e candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos cumpriu a promessa que realizou, em termos.

O Trump Hotel Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, foi aberto incompleto para os jogos, com 70 dos 170 quartos em funcionamento e um canteiro de obras instalado dentro do empreendimento.

A recepcionista informa aos clientes que chegam que o negócio está operando em "soft opening", uma espécie de abertura adiantada.

A prática é comum em restaurantes: o cliente paga um preço menor pelos pratos, prometendo, em troca, fazer vista grossa para erros de serviço e alguns desajustes ainda presentes na cozinha.

No caso do hotel de Trump, as falhas a serem relevadas são de ordem estrutural. Há um andaime na varanda do primeiro andar. As suítes com vista para o mar ainda não foram finalizadas.

Os quartos disponíveis têm todos vista lateral e, no máximo, 35 metros quadrados –é esperada que a suíte presidencial tenha dez vezes esse tamanho.

A piscina de ardósia preta com chão envidraçado não foi inaugurada –não há previsão, segundo funcionários.

No domingo (21), dia de encerramento da Olimpíada, era difícil achar uma hospedagem no Rio. Mas o turista que fosse à rua Professor Coutinho Fróis, na Barra da Tijuca, poderia ficar num hotel quatro estrelas por R$ 600, um quinto do que era pedido no quarto mais em conta do Copacabana Palace, o hotel ícone carioca.

Mas mesmo o preço reduzido não garantiu a lotação. Em três horas, apenas uma família de hóspedes passou pelo mármore importado da Turquia que reveste o lobby do hotel. Além dos quatro hóspedes, havia ali uma brigada de oito funcionários e um cheiro de tinta fresca que revestia a sala.

Há uma única resenha do lugar em sites de hotelaria. "O hotel é legal, porém ainda não terminaram a construção. O maior problema nele é o barulho da rua que incomoda a sua dormida", informa a crítica do usuário, que deu uma nota "muito bom".

NA CORRERIA

A inauguração do empreendimento veio após uma obra que funcionários do hotel classificam como "tumultuada" e "uma correria". E que também teve violações de normas trabalhistas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil do Rio.

Havia no canteiro de obras menos banheiros e salas de descanso do que o acordado pela categoria, de acordo com o sindicato.

"A gente quase teve de embargar a obra no começo deste ano, mas eles resolveram rápido o problema, então não foi preciso", disse Guilherme Pólvora, do Sintraconst.

O Trump carioca também enfrentou problemas com alianças locais: há algumas semanas, desentendimentos levaram o grupo norte-americano a desfazer a parceria com o empresário brasileiro Paulo Figueiredo Filho, neto do general João Baptista Figueiredo, que presidiu o país de 1979 a 1985, sob o período de ditadura militar.

OUTRO LADO

Procurados pela reportagem, funcionários do hotel afirmaram que ninguém poderia falar pelo negócio e pediram que se entrasse em contato com o quartel-general do conglomerado Trump, nos Estados Unidos.

A Folha procurou o departamento de imprensa das organizações Trump, na cidade de Nova York.

As perguntas sobre o entrevero trabalhista e a abertura do hotel inacabado foram enviadas por e-mail, mensagens de voz e Whatsapp, mas não houve resposta.


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