Folha de S. Paulo


Expansão atual do setor de saúde suplementar é artificial, diz professor

A proposta de criar planos acessíveis tem despertado críticas, já que a questão do subfinanciamento do SUS é antiga e o setor de saúde ainda precisa discutir questões prementes como a judicialização (grande volume de sentenças judiciais que afetam planos e setor público) e outras que vão afetar o sistema como um todo, como a transição demográfica (envelhecimento da população).

"Essa proposta é um absurdo", diz Mario Scheffer, professor da USP e vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva).

"Compilei, tem mais de 30 notas de entidades, de sociedades médicas, detonando essa proposta de planos populares", afirma.

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"Os planos são regulados há bem pouco tempo no Brasil. A lei é de 1998, dez anos depois de instituído o SUS. Essa prática era muito comum antes da regulamentação, vender produtos variados, de coberturas reduzidas. Esse momento de terra sem lei, com acúmulo de insatisfação e pressão, é que levou à regulação. O que se quer é voltar para um cenário de desregulação. Isso foi tentado ao menos duas vezes, em 2001 e também em 2013", diz Scheffer.

"Hoje nós temos mais ou menos 57% dos recursos que circulam no sistema de saúde privados, isto é totalmente incompatível com a atribuição legal que foi dada ao SUS", afirma o professor.

"Se o SUS fosse adequadamente financiado, o setor privado de planos de saúde, que sempre devia existir, teria de fato um papel suplementar no sistema. Em todos os sistemas universais nos quais o SUS se espelhou, planos de saúde ocupam 5%, 15%. Nosso mercado de planos de saúde já está artificialmente expandido", diz.

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