Folha de S. Paulo


Presidente de gigante do ensino é chamado de comprador em série pelo apetite por aquisições

Karime Xavier/ Folhapress
Rodrigo Galindo, presidente do grupo de ensino Kroton
Rodrigo Galindo, presidente do grupo de ensino Kroton

Aos 18 anos, enquanto os jovens de sua idade dedicavam-se aos estudos para entrar na faculdade, Rodrigo Galindo, hoje presidente do grupo de ensino Kroton, já gerenciava o vestibular de uma instituição em Mato Grosso.

Chegados os 40, o executivo se prepara para comandar uma empresa com 25% do mercado da educação superior privada no país. Na segunda-feira (15), os acionistas aprovaram a incorporação da Estácio, segunda no ranking do setor, pela Kroton, líder do mercado. Se o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) liberar, elas formarão um gigante de 1,5 milhão de alunos.

Para chegar aonde está, Galindo se beneficiou da estrutura oferecida por sua família, dona da instituição em que cursou graduação em direito, a Universidade de Cuiabá, a mesma cujos vestibulares ele próprio coordenava.

Mas também valeu-se de precocidade e talento para os negócios, características que foram imediatamente percebidas pelo mercado quando o grupo educacional Iuni, fundado por sua família, foi adquirido pela Kroton.

Ele costuma contar que aos 13 anos já trabalhava no xerox da universidade dos pais.

Galindo nem chegou a abandonar suas atribuições na Universidade de Cuiabá quando, aos 23, decidiu empreender. Seguiu para outro rincão e montou uma faculdade no Amapá. Assim, com dois empregos, tornou-se na época o mantenedor de faculdade mais jovem do país.

ESTUDANTE CONCENTRADO - Volume dos negócios divulgados, em R$ milhões

Galindo já era presidente da empresa de sua família, o grupo Iuni, quando ela foi comprada pela Kroton, em 2010. Convidado a permanecer como diretor, o executivo logo animou os investidores da Kroton com sua capacidade de gestão e seu modelo de integração de novas empresas, um sistema que adequava em poucos meses as companhias adquiridas.

Em menos de um ano, tornou-se presidente da companhia que abocanhara a empresa de sua família.

Outro método trazido de sua biografia no setor de educação foi a rentabilidade das salas de aula, que também virou lema na Kroton.

Executivos da rede afirmam que só abrem turmas que têm uma quantidade de alunos suficiente para gerar margem satisfatória.

Sob o seu comando, a Kroton teve a ação que mais se valorizou entre as empresas do Ibovespa por anos seguidos. Galindo transformou-se em uma máquina de aquisições e ficou conhecido no mercado como "o comprador em série", não só pela quantidade de empresas que adicionou ao portfólio da Kroton, como também pelo porte das operações.

Foi assim com a Unopar, arrematada em 2011 por R$ 1,3 bilhão, transação que colocou a Kroton na rota do ensino a distância, mercado-chave para o avanço do setor. Meses depois veio a Uniasselvi por R$ 510 milhões.

Mas, na mesma velocidade com que ele decide comprar, também é capaz de vender. Em 2015, a Kroton repassou a Uniasselvi a um grupo de fundos para atingir um objetivo maior: a incorporação da gigante Anhanguera, que a elevaria à condição de maior do mundo. A venda foi determinada pelo Cade.

Na ocasião, Galindo chocou o mercado com sua agilidade. A operação avaliada em R$ 5 bilhões para a compra da Anhanguera foi negociada em poucos dias.

Desta vez, porém, ao avançar sobre a Estácio, não teve a mesma presteza. Precisou ceder, elevando a proposta três vezes e ainda o aguarda a avaliação do Cade que, estimam analistas, deve trazer duras restrições, principalmente aos planos de dominar o ensino a distância.

ESTUDANTE CONCENTRADO - Quantidade de fusões e aquisições no Brasil

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RAIO-X

KROTON /2º tri.2016

RECEITA LÍQUIDA: R$ 1,39 bilhão
EBITDA AJUSTADO: R$ 632,6 mi
ALUNOS: 1,07 milhão
MARCAS: Anhanguera, Fama
CONCORRENTES: Anima e Ser


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