Folha de S. Paulo


Dólar avança mais de 1% com declaração de Temer e ação do BC

O dólar voltou a subir com força ante o real nesta sexta-feira (12). Além de o Banco Central ter ampliado sua atuação no câmbio desde o dia anterior, o mercado reagiu a declarações do presidente interino Michel Temer, indicando preocupação com a valorização do real.

A moeda americana à vista ganhou 1,09%, a R$ 3,1731. Na semana, caiu 0,40%.

O dólar comercial avançou 1,40%, a R$ 3,1850. No acumulado da semana, subiu 0,47%.

O presidente interino Michel Temer afirmou, em entrevista ao jornal "Valor Econômico", que a orientação do governo é que deve ser mantido um certo equilíbrio no câmbio. "Não pode ter um dólar num patamar elevado, nem um dólar derretido", disse.

Além disso, o BC leiloou pela manhã 15.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 750 milhões.

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NOTAS DE DÓLAR

Desde quinta-feira (11), depois de o dólar ter chegado a R$ 3,13 com sete quedas seguidas, a autoridade elevou a quantidade diária de contratos ofertados nesta operação de 10.000 para 15.000.

Nesta sexta-feira, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, defendeu a atuação do banco no mercado de câmbio. "O Banco Central, quando julgar necessário, utilizará com parcimônia as ferramentas de que dispõe", reiterou.

Exportadores têm reclamado da valorização do real frente ao dólar desde o início do ano, o que torna os produtos brasileiros menos competitivos no exterior.

Para José Faria Júnior, diretor técnico da Wagner Investimentos, o dólar pode continuar subindo até a divulgação da ata da última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), na próxima quarta-feira (17). "Não se espera uma alta dos juros americanos no curto prazo, mas a divulgação da ata do Fed sempre gera cautela no mercado", explica. "Mas a tendência do dólar continua sendo de queda frente ao real."

Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, avalia que dúvidas sobre a força do governo Temer para aprovar as medidas mais polêmicas no Congresso também podem pressionar o real. "É um fator de preocupação para os investidores."

No mercado de juros futuros, os contratos fecharam estáveis. O contrato de DI para janeiro de 2017 se manteve em 13,965%; o contrato de DI para janeiro de 2018, em 12,650%; e o contrato para janeiro de 2021, em 11,890%.

O CDS brasileiro, espécie de seguro contra calote, caía 0,33%, aos 257,465 pontos.

BOLSA

Após a forte alta de 2,42% na véspera, o Ibovespa fechou estável, aos 58.298,41 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,6 bilhões. Na semana, o índice avançou 1,11%.

As ações PN da Petrobras perderam 0,82%, a R$ 12,00, mas as ON avançaram 1,68%, a R$ 13,91 (ON). A estatal registrou no segundo semestre deste ano lucro líquido de R$ 370 milhões, após três trimestres de prejuízos.

Apesar de o lucro líquido da Petrobras ter vindo abaixo das estimativas, analistas destacam como positiva a redução da alavancagem da companhia e o resultado operacional em linha com as projeções.

Os papéis da Vale perderam 1,96%, a R$ 15,44 (PNA), e 2,44%, a R$ 17,96. O minério de ferro na China avançou nesta sessão, mas as ações da mineradora reagiram a dados fracos de atividade chinesa.

Os crescimentos do investimento em ativos fixos na China, a produção industrial e vendas no varejo em julho ficaram abaixo das projeções.

No setor financeiro, Itaú Unibanco subiram 0,75%; Bradesco PN, +0,13%; Bradesco ON, +0,37%; Banco do Brasil ON, +2,81%; Santander unit, +0,04%; e BM&FBovespa ON, +1,04%.

Segundo operadores, o pregão foi influenciado pelo vencimento de opções sobre ações, que acontece nesta segunda-feira (15).

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, os índices fecharam em baixa, após atingirem as máximas históricas na véspera e refletindo os dados fracos de vendas no varejo e de preços ao produtor em julho.

O índice S&P 500 perdeu 0,08%; o Dow Jones, -0,20% —a exceção foi o Nasdaq, que subiu 0,09%.

Na Europa, os índices foram pressionados por ações de mineradoras. Além disso, os indicadores abaixo das expectativas divulgados nos Estados Unidos adicionaram preocupações em relação ao crescimento da economia global.

A Bolsa de Londres fechou em alta de 0,02%; Paris, -0,08%; Frankfurt, -0,27%; Madri, -0,04%; e Milão, +0,17%.

Na Ásia, o índice chinês CSI300 fechou na máxima de sete meses. Os dados de atividade chinesa elevaram a perspectiva por mais estímulos do governo.

A alta do índice, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, foi de 1,88%. O índice de Xangai subiu 1,61%.

Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 1,10%, refletindo a forte alta do petróleo na véspera.


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